sexta-feira, dezembro 31, 2010

QUE O AMANHA SEJA DE CONFIANÇA

O ano chega ao fim
Hoje é de Dezembro
O trinta e um
Amanha o Janeiro entra
E o mundo celebra
Mais um dia
A Paz dedicado
Enquanto na Nigéria
Em Teu nome
Senhor
Se mata
Apenas porque
Uns Te chamam
Deus
E outros
Alá te batizaram
Senhor
Te peço
Diga aos meus irmãos
És o mesmo
Seja qual o nome que Te chamem
...
Não dá para esquecer
Gbagbo ao poder agarrado
Se o mesmo autorizou
Que eleições se fizessem
...
A Natureza continua
A se mostrar instável
Na Austrália de um lado chove
O tripulo do necessário
E do outro...
O calor e a seca
Quer fogo atear

O Haiti é quase esquecido
Não por se ter melhorado
Mas porque
Outras calamidades
Mais destrutivas se levantam
E nós humanos
Ávidos
Novidades procuramos!

O Mundo se torna
Mais explosivo
E já nem a carta
É recebida
Sem que o medo
Da bomba
No ar
Se pairar!

Que o amanha
Que se aproxima
Seja… sim …seja
De
PAZ
De PAZ no interior
De cada um de nós
E
Que o mundo
Seja da confiança
No amanha
Cheio de rosas vermelhas!


João Furtado

31 de Dezembro de 2010

Abrâ - Minha Freguesia - A festa de S. Silvestre e alguns dados históricos


Imagem de S. Silvestre
Abrâ é a sede da freguesia onde pertence o pequeno lugar onde nasci, no concelho e distrito de Santarém (Portugal), chamado Canal, que dista da mesma, cerca de 3 Kms.
Na nossa pequena aldeia, na altura da minha infância, apenas existiam duas lojas, onde se podiam comprar os alimentos mais básicos de mercearia, bem como panos a metro e linhas e ainda o bacalhau. Havia também um talho e duas tabernas onde os homens se reuniam para beber e jogar os jogos tradicionais.Hoje em dia, já tudo isso fechou e para fazer compras, as pessoas que restam, têm que se deslocar ás aldeias vizinhas.

No entanto, as crianças para irem á escola, tinham que percorrer a pé, pelos campos e matos, a distância que separava as duas aldeias, diáriamente. Era também na sede da freguesia que havia e continua a existir, o cemitério para onde se dirigiam os funerais dos falecidos da aldeia, o que era sempre um (triste) acontecimento.

O outro acontecimento que marcava a pacatez da pequena aldeia, era a festa anual em honra do padroeiro S. Silvestre, a quem é dedicada a pequena capela, que remonta a alguns séculos. Não se sabe quantos exactamente, mas no início do século XIX, já a mesma existia, pois há uma hisória que conta como os cavaleiros franceses, quando das invasões francesas, queriam usá-la como cavalariça, para os seus cavalos, que no entanto sempre se recusavam a entrar, ajoelhando á porta, devido ao facto de ser o S. Silvestre o padroeiro e protector dos animais.

Era uso e tradição, ainda na minha infância e juventude, os donos de rebanhos de animais, virem com eles dar a volta á capela, e em seguida pagarem as suas promessas, em dinheiro, géneros ou figuras de cera, durante as festas dedicadas ao S. Silvestre, que duravam do dia 31 de Dezembro ao dia 3 de Janeiro. Actualmente já não têm lugar, devido ao reduzido número de habitantes.

"Natural de Roma, São Silvestre foi papa e governou a Igreja de 314 a 355 d.c., ano em que morreu, exactamente no dia 31 de dezembro. A Igreja Católica escolheu esta data para canonizá-lo.

Em seu pontificado, São Silvestre estabeleceu novas bases doutrinais e disciplinares colocando a Igreja em um novo contexto social e político. Ocorreu o entrosamento entre o clero e o Estado. Com o edito de Milão, o cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano, na época governado por Constantino Magno. Com essa aliança, os cristãos puderam professar abertamente sua crença e a Igreja saiu de um período de perseguição que já se arrastava por 300 anos.

Uma das grandes realizações do papa Silvestre foi o concílio ecuménico de Nicéia, em 325, que definiu a divindade de Cristo. O curioso é que a assembléia foi convocado pelo próprio Constantino, o que mostra sua influência nos assuntos eclesiásticos. Foram elaborados ainda os de Arles e Ancira. São Silvestre foi um dos primeiros santos não-mártires cultuados pela Igreja. Ele é lembrado por promover a renovação do espírito e como protector dos seguidores mais fiéis de Cristo.

Os feitos do santo do último dia do ano em defesa da fé não param por aí. Com a ajuda do imperador, São Silvestre construiu as basílicas de São Pedro sobre o túmulo do apóstolo, a Lateranense _ que se tornou a residência dos papas _ e a de São Paulo."

Esta foi uma pequena história da vida de S. Silvestre, recolhida na Internet, no entanto mais que ser conhecido actualmente por dar o nome a famosas corridas que têm lugar em várias partes do mundo, no último dia do ano, para os habitantes da minha aldeia e das aldeias vizinhas, era venerado como o padroeiro e protector dos animais.

A seguir transcrevo alguns dados históricos sobre as origens da freguesia e das povoações vizinhas, não deixando de referir que o apelido Louro, é também meu, e era do meu pai e avó, pelo que o sangue das primeiras famílias habitantes destas povoações, continua a correr-me nas veias e de minha família, bem como de outras, que têm o mesmo apelido, entre as quais um bem sucedido empresário de Santarém.


Arlete Piedade
(Arlete Maria Piedade Louro Daniel)
Assino com o meu nome completo, devido ao conteúdo do artigo abaixo, onde se explica a origem das famílias com o apelido "LOURO", que era o nome de meu pai, avô e outros antepassados e que eu herdei.


DADOS RELATIVOS À HISTÓRIA DA FREGUESIA DE ABRÃ

Conhecida, em tempos, como Abrãa, esta Freguesia foi criada em inícios do Séc. XVII, fazendo arte, anteriormente da freguesia e concelho de Alcanede.
Continuou a pertencer ao Concelho de Alcanede até 24 de Outubro de 1855, data em que com a extinção deste, passou para o Concelho de Santarém.
O nome da freguesia, Abrã, deriva da palavra árabe Abãra, que significa entrada ou embocadura, caminho e porto.
A freguesia foi criada em 10 de Agosto de 1621, alcançando a provisão de El-Rei como Mestre de Avis, por intermédio do fidalgo Jorge Coelho de Andrade, como referiu Simão de Froes Lemos (natural da vila de Pernes, onde nasceu em 31/08/1675), em 1726:
«[...] tinhão os seus moradores huma hermida antiga de Santa Margarida fora do lugar, e nella tratarão de fazer freguezia p.ª o que alcançarão Provizão del Rey como Mestre de Avís passada por Jorge Coelho de Andrade aos dez de Agosto de 1621, e fizerão sua escritura de contracto com o Prior de Matris que então era Frey António Cabral, feita por António Morgado notario Apostolico morador em Pernes em o primeyro dia de mayo de 1621, e que tudo está no Cartório da Igreja de Alcanede, e nesta hermida tiverão a sua freguezia nestes primeyros annos, e logo tratarão de fazer nova Igreja mayor [...] da mesma invocassão de Santa Margarida, e no anno de 1629 se disse a primeira missa nella [...] a qual missa disse o Padre Frey Francisco Segre, Prior de Alcanede, que benzeo a dita Igreja»
O Povo da Sede da Freguesia mandou construir, anos depois, a Igreja da Invocação de Santa Margarida, onde, numa 4ª feira, dia de São Tomé, a 21 de Dezembro de 1629, celebrou a primeira missa o Padre Frei Francisco Segre, prior de Alcanede.

O pároco era cura, sendo apresentado pelo prior da vila de Alcanede. Se um morador fosse casado ou viúvo, pagava-lhe um alqueire de trigo, meio almude de mosto e uma canada de azeite, se fosse viúva pagava-lhe metade.
A freguesia possuía três ermidas: uma no lugar de Espinheiro, dedicada a São Bernardo e Nossa Senhora da Encarnação, outra no lugar do Canal, dedicada a São Silvestre e outra em Amiais de Cima, dedicada à Santíssima Trindade. Estas duas últimas ainda hoje se conservam, fazendo parte do património monumental da freguesia, que em 1861, compreendia 169 fogos3 (mais 19 que em 1758).
A Igreja Matriz de Santa Margarida foi construída em 1629, a expensas do povo. É um templo de fachada simples, figurando na porta principal, a data de 1629.
Por cima da porta possui uma janela e uma torre sineira. O seu interior é de uma só nave, com tecto de madeira de três planos, restaurado em 2001. Possui um altar-mor, que tem na parte lateral a imagem de Santa Margarida e do Mártir São Sebastião e na parte de trás um trono, que era utilizado antigamente para a colocação de uma custódia. Possui ainda dois altares laterais, onde figuram o sagrado Coração de Jesus, o Coração Imaculado de Maria, a Nossa Senhora de Fátima e o Santo António.
O tecto da capela-mor é abobadado, tendo no centro uma custódia, rodeada de quatro círculos rendilhados, em gesso pintado a ouro velho. O corpo principal do templo é guarnecido por um silhar de azulejos do tipo padrão, azuis e amarelos, também do Séc. XVII, com painéis embutidos, onde figuram dois quadros em cerâmica que representam Santo António e Nossa Senhora do Rosário.
O púlpito com pilares de caneluras e o coro da Igreja, são datados da fundação da Igreja (1629), enquanto que o baptistério tem a data de 1636. É também digno de registo um Cristo de marfim sobre Cruz de madeira.
A sede desta freguesia divide-se em duas partes, designadas por Abrã-Grande e Abrã-Pequena. Nas primeiras décadas do Séc. XVIII, Abrã-Grande, cujas primeiras habitações foram construídas no local conhecido pelo nome de Sôjo do Vale, contava 61fogos e Abrã-Pequena apenas 32.
Esta freguesia, após a sua criação, abrangia os seguintes lugares: Amiais de Cima, com 42 fogos; Canal, com 36 fogos; metade do Espinheiro, com 13 fogos; e ainda os casais da Coutada, Cortiçal e Vale Florido.
A povoação do Espinheiro pertencia às freguesias de Abrã e Malhou, cabendo metade a cada uma delas. Assim, a linha divisória das freguesias supracitadas passava por cima de várias habitações, o que provocava algum incómodo aos seus moradores. O Decreto n.º 15.219, de 23/03/1928, elevando o Espinheiro à categoria de freguesia, acabou com esta anomalia.
Anteriormente a 10 de Agosto de 1621, todos estes lugares estiveram integrados na freguesia da Louriceira, considerada uma das mais antigas desta zona ribatejana. Esta freguesia, desde longínquos tempos, já pertenceu a quatro concelhos:
Alcanede, Pernes, Santarém e Alcanena. Destes foram suprimidos os concelhos de
Alcanede e Pernes, em 1855.
Próximo de Abrã, existe um ponto culminante denominado Cabeço da Guarita, de onde se desfruta de um soberbo panorama e de onde se avistam terras de 14 concelhos. Nos tempos em que escasseavam as estradas e ainda não circulavam os comboios, os caminhantes vindos do litoral para o interior e da região de Leiria para o litoral, passavam por Abrã, onde num planalto próximo, existia um pinheiro manso de grandes dimensões, que servia de guia a estes forasteiros.
Num espaçoso vale designado pelo nome de Outeiro do Moinho, situado nas proximidades do Canal e Amiais de Cima, presume-se ter existido, em tempos remotos, uma povoação importante, consequência de se terem encontrado à já alguns séculos, vários objectos caseiros, alicerces de casas de habitação, telhas em grande quantidade, pedras miúdas e ainda moedas de valor. Na voz do Povo existiu ali uma povoação que deveria ter caído, devido a um Tremor de Terra. Num local vizinho, existem umas terras a que o povo chama de Capelas, porque se supõe que ali tenha existido uma Capela. Aqui D. Afonso Henriques pretendeu construir um castelo. Se este desejo se tivesse oncretizado, o castelo de Alcanede não existiria, conforme escreveu Simão Froes de Lemos, em 1726. As tropas de D. Afonso Henriques, sob o comando de Mem Ramires, vindas de Coimbra, com destino à conquista de Santarém aos Mouros, em Março de 1147, passaram por Abrã e ficaram uma noite no sítio designado pelo nome de Carreirinhos, a fim de, na madrugada imediata, poderem cortar a madeira necessária à confecção das escadas destinadas ao escalamento das muralhas do Castelo de Santarém. Abrã, nessa altura chamava-se Ebráas, em seguida designou-se pelo nome de Abãra e Abrãa.

O nome Amiais de Cima resultou, segundo várias opiniões, de nas suasimediações, terem existido bastantes amieiros e devido ao facto de existirem dois lugares vizinhos com bastantes árvores desta espécie, o povo deu a um o nome de Amiais de Cima e ao outro o nome de Amiais de Baixo. Nestas duas povoações e arredores, verifica-se uma assimetria de cores, de sons e de disposições em tudo o que se observa e sente.
Também em termos históricos o lugar de Amiais de Cima teve a suaparticipação. Vindas de Coimbra, as forças do 1º Rei de Portugal, passaram porAmiais de Cima e outras terras desta zona, com destino à conquista de Santarém aos Mouros. Na memória do povo de Amiais de Cima, ainda hoje se conserva a passagem dos franceses, sob o comando do General Massena, em 1810. Parte do povo, para escapar às atrocidades que as tropas francesas, normalmente, infligiam por onde passavam, foi obrigado a refugiar-se nos confins da Serra d’Aire e Candeeiros. Para além disso, os habitantes, temendo que os franceses se apoderassem das cruzes de prata pertencentes à antiga capela da Santíssima Trindade, tiveram o cuidado de as esconder no telhado do referido templo. Conta-se que os franceses ainda destaparam o telhado, na esperança de encontrar algo valioso, acabando por deixar só três carreiras de telhas, sendo, precisamente, aí que se encontravam as cruzes. Essas cruzes ainda hoje são utilizadas nas procissões e funerais. Também não se pode esquecer o facto de dois moradores do lugar terem arriscado a vida ao contribuírem na participação de Portugal na I Guerra Mundial (1914/1918), foram eles José Brás (vulgo Zé Becho) e José Tomás, que regressaram ambos com vida.
Segundo contam os mais antigos, a povoação de Amiais de Cima desenvolveu-se a partir da zona onde se encontra a Capela da Santíssima Trindade, que foiconstruída, pelo povo, em 1733, sendo depois restaurada, também pelo povo, em1979, e cujas imagens religiosas foram também restauradas em 2001/2002, o que sedeve ao empenhamento do Pároco da Freguesia, Padre António Pereira e à colaboração monetária de todos. Foi o Povo que construiu também a Escola Primária da povoação, que data de 1916.
Quanto a factos mais recentes, convém referir o nome do industrial da terra, Joaquim José Louro Pereira, que para além do desenvolvimento económico que trouxe a toda a freguesia e ao concelho em geral, mandou construir a Capela Mortuária de Amiais de Cima, oferecendo-a ao Povo a 09 de Janeiro de 2000, dia dos festejos anuais em Honra da Santíssima Trindade, com a benção do Padre Garcia.
Também a Escola do 1º Ciclo e o Jardim de Infância de Amiais de Cima foram construídas por este industrial e oferecidos ao Município de Santarém para serem incluídos na rede oficial do Ministério da Educação. A inauguração teve lugar no início do ano lectivo 2007/2008, em Setembro e contou com a bênção do Senhor Bispo de Santarém, D. Manuel Pelino Domingues.
Entre os lugares de Abrã e Amiais de Cima, encontra-se um espaçoso vale conhecido como Regueiras, por onde, de harmonia com o 1º traçado da estrada nacional 361, esta deveria passar. Ou seja, na parte compreendida entre Alcanena e Alcanede, o traçado original determinava que esta deveria passar pelos Olhos de Água, Amiais de Baixo, Canal e Abrã. A influência do Conde de Monsanto, que desejava defender os interesses da sua terra natal, determinou que assim não fosse e que esta estrada passasse por Amiais de Cima e Monsanto, o que foi decisivo para o desenvolvimento das duas localidades.
Amiais de Cima é, de facto, bastante industrial, destacando-se as indústrias de curtumes, de mobiliário e a cerâmica. Este espírito empreendedor só tem beneficiado a população, pois para além do que já foi referido, alguns empresários têm colaborado no alcatroamento das ruas da freguesia.
Relativamente à Coutada, conta-se que nos princípios do Séc. XVII, foi desterrado, em consequência de ter cometido um crime grave, um grande fidalgo para o pequeno lugar de Coutada de Cima. Este tem esta designação devido ao facto de ser uma coutada de caça, onde havia lebres, coelhos, perdizes, rolas, pombos bravos e outras aves. Também havia raposas, ginetes e texugos. Foi neste local que o referido fidalgo viveu isolado durante alguns anos, constituiu família e morreu. Da casa onde viveu ainda hoje existem restos.

Outro lugar da freguesia de Abrã é o Canal. A fundação deste lugar, segundo reza a tradição, remonta a tempos longínquos.
Próximo do lugar que já foi referido, designado por Capelas, encontra-se o Casal de S. Sebastião, que viria mais tarde a chamar-se Casal das Capelas, isto porque os moradores deste lugar iam buscar água a uma bica que fizeram, colocando uma cana no meio de pedras. Como as pessoas gostavam muito dessa água deram ao Casal o nome que já tinham dado às terras onde se encontrava a bica (Capelas). O Casal das Capelas era constituído por seis moradias, que se encontram actualmente em ruínas.
O Canal fica, então, situado a 700 metros do Casal das Capelas. Não se sabe ao certo porque é que aquelas pessoas se mudaram de um sítio para o outro, no entanto, supõe-se que tenha sido, devido ao facto de haver um vale, por onde passa um pequeno ribeiro, o que faz com que as terras sejam mais férteis, melhores para construção e mais acessível para estabelecer contactos com povoações vizinhas.
Quanto ao nome, Canal, e segundo reza a história, prende-se com o facto de ali passar um cano com água para os campos vizinhos.
Por aqui também passaram as tropas francesas, em 1810, tendo causado múltiplos danos, destacando-se a destruição de uma importante azenha, pertencente à família Camões de Abrã, num local conhecido como Pucariça.
No Canal existe uma ermida muito antiga em louvor de São Silvestre, que é bem conhecida pelos povos de lugares vizinhos. Nos dias 31 de Dezembro e 1,2 e 3 de Janeiro seguinte, realizam-se os festejos em honra de São Silvestre, nos quais era tradição que os proprietários de gados ovino, caprino, bovino e muar, os levassem a dar voltas em redor da capela, deixando na capela, depois de cumprirem as promessas, as respectivas esmolas.
Esta povoação, desde os princípios do Séc. XX, tem vindo a desenvolver-se, tendo para isso contribuído a estrada municipal que liga Abrã a Amiais de Baixo.

A Povoação do Cortiçal deve o seu nome ao facto de, há séculos terem existido nas suas imediações numerosos cortiços de abelhas, situação que ainda hoje em dia se mantém.
Por aqui passaram as forças de D. Afonso Henriques, vindas de Coimbra, com destino à conquista de Santarém aos Mouros, em Março de 1147, bem como as tropas francesas, em 1810, tendo causado inúmeros danos. O povo, para escapar à morte, foi obrigado a refugiar-se nas grutas mais próximas, situadas na Serra d’Aire e Candeeiros. Também as epidemias de cólera e febre amarela, que se registaram em Portugal durante o reinado de D. Pedro V, causaram nesta região muitas mortes, de tal forma que parte dos corpos teve que ser sepultada nos terrenos vizinhos às povoações.
Os costumes dos habitantes, durante o Séc. XIX e início do Séc. XX eram bastante característicos. Os casamentos, no geral, obedeciam a preceitos. Nestas festas, com a duração de três dias, chegavam-se a matar bezerros para oferecer aos convidados, o que, na maioria dos casos, ainda hoje acontece, e a música das filarmónicas ouvia-se dia e noite. A luz do sol servia de relógio a toda a população, havendo ainda hoje um exemplar de um relógio de sol, embora em mau estado de conservação, situado na Primeira Casa do Cortiçal.
De facto, a povoação do Cortiçal teve o seu início, precisamente na construção de uma casa, conhecida como a Casa do Alpendre. Essa casa foi construída por volta de 1780 ou 1680 (?)4 por Manuel da Costa, casado com Rosa Maria (naturais do Vale Florido) e que possuíam todas as terras que abrangiam o que se conhece hoje por Cortiçal. Estes tiveram uma filha que casou com José Francisco Louro, nascido no Cabeço das Pombas, em 1788, e que combateu contra a invasão dos franceses na 1ª década do Séc. XIX. Durante o tempo que cumpriu o serviço militar aprendeu a ler e a escrever, tornando-se no único alfabetizado de toda a região. Por este motivo foi nomeado Juiz de Paz, função que exercia na Vila de Alcanede. José Francisco Louro
ficou a residir na Casa do Alpendre, que passou por diversas mãos e funções, tendo servido de Escola Primária até 1923, altura em que se construiu um edifício para o efeito. Ainda hoje a Primeira Casa do Cortiçal está de pé, tendo deixado de ser habitada em 2007.
Quando se fala do Cortiçal, convém referir que é uma povoação cujos habitantes possuem um notável espírito empreendedor. A construção do edifício escolar levado a cabo pelo povo em 1923, testemunha o esforço dos naturais daquele lugar. A comissão empreendedora deste melhoramento era constituída por João Francisco Louro, Francisco Constantino Louro, José Francisco Louro, Manuel Constantino Louro, Manuel Louro Júnior, Manuel João Louro e pelo Prof. Albertino Henriques Barata, que foi também o fundador da escola, tendo inclusivamente o seu nome gravado numa lápide situada numa das paredes do edifício. Actualmente este edifício faz parte do n.º de Escolas encerradas pelo Ministério da Educação, sendo as crianças do Cortiçal transportadas para a nova Escola de Amiais de Cima. Será conveniente referir, ainda, os nomes dos soldados Joaquim Louro e Teófilo dos Santos, naturais respectivamente do Cortiçal e do Vale Florido, que perderam a vida defendendo a pátria. O primeiro, em França durante a I Guerra Mundial e o segundo, em idênticas circunstâncias, mas em Moçambique contra a Alemanha. Para além destes, participaram ainda neste conflito, António Louro (Carpinteiro) e Isidro, ambos do Cortiçal.
Quando se fala em soldados, naturais da freguesia de Abrã, que representaram o país em conflitos internacionais, convém focar o facto de terem sido vários os que participaram na Guerra Colonial, na Índia, Angola, Guiné e Moçambique, mas mais importante que este, foi o facto de, felizmente, todos terem regressado com vida.
O desenvolvimento deste lugar começou nas primeiras décadas do Séc. XX, com a introdução de um autocarro diário para Santarém, benefício que se deve a Francisco Roque, e com a inauguração da estrada municipal, em 1940, que tornou mais curta a distância entre o Cortiçal, Amiais de Cima e Amiais de Baixo e a partir daí para o resto da região. Actualmente destaca-se a indústria da extracção de pedra, a agricultura e alguns serviços de transporte.
A umas escassas dezenas de metros do Cortiçal, fica situado o pequeno lugar de Vale Florido, constituído apenas por uma única rua. Essa rua divide as Províncias do Ribatejo e Estremadura; os Distritos e as Dioceses de Santarém e Leiria; os Concelhos de Santarém Porto de Mós e Alcanena; e as Freguesias de Abrã, São Bento e Louriceira. Esta divisão é raríssima, e acentua-se com o facto de haver uma casa de habitação, precisamente neste enclave, o que provoca a situação anómala de, quase se poder dizer que cada assoalhada está situada numa freguesia, fazendo com que o seu proprietário Zé d’Itália, faça cada tarefa doméstica num concelho diferente.

Do livro de Albertino Henriques Barata, “Notícias históricas sobre o concelho de Santarém”, in, Colecção Cadernos Culturais, 1992, Divisão de Cultura, Desporto, e Tempos livres da Câmara Municipal de Santarém, pp. 21-27,
- No artigo de M. A. Louro, “A História de uma Rosa que deu Louros”, in Arauto, n.º 3, 08/04/1995,diz-se que pelo número de gerações da família que construiu a casa, a data de construção seria do Séc. XVIII.

domingo, dezembro 12, 2010

VAGUEANDO POR AQUI NESTE MUNDO

Andei naquele, noutro e neste autocarro
Ao lado esteve, está e estará um amigo caro
Que com encontros e desencontro já nem reparo!

Desta vez ia ver minha querida e estimada tia
O aniversário dela mais uma vez era o dia
Nada pude eu comer, um dente muito doía...

Enquanto o autocarro violentamente trepidava
Eu este poema imaginava e escrevê-lo tentava
Uma menina indiscreta ao lado gargalhada dava!

Perto uma madura mulher casada com o Baco
Tentava a força dar ao rapaz novo um cavaco
Ele, o rapaz na jovem força olhava com asco!

Meu pensamento continuava vagueando
Ao ritmo do autocarro sempre viajando
Aos homens e ao mundo meditando!

De Quioto à Copenhaga à Cancun há anos
De reuniões de certezas e de enganos
No céu o ozono chora com os danos!

África de Sul é a próxima esperança
Nesta caminhada que nada alcança
Porque o homem quer cheia a pança!

Na China continua recluso o dissidente
Que recebe o Nobel e fica ausente
E oferece ao mundo mais um presente!

No Ocidente prega-se a divina liberdade
E Wekliks pensa que é pura verdade
E vasculha, vira e revira sem necessidade!

O segredo dos deuses chega aos ouvidos
E muitos no Olimpo sentem-se ofendidos
E acusam o ladrão de dados perdidos!

Mais o crime não pode ser crime
Procura outro que só pode ser crime
Como é livre o polvo do livre Regime…

Entre os cínicos deuses do Ocidente
E o pachorrento e obeso Buda do Oriente
Situa a virtuosa Terra do Médio Oriente!

Passam os tempos e os costumes permanecem
E a justiça e os hábitos duros e cegos fazem
Com pedras mulheres e meninas perecerem!

Não havendo por rectidão dos machos as violações
Adultérios são para suas fêmeas as acusações
Nobres homens, belas acções e puros corações!


O autocarro parara… era a última paragem do destino
Ainda tinha tempo para lembrar do menino
Recém-nascido e abandonado ao seu destino!

Era das treze de hoje o jornal da tarde de sábado
Do dia depois dos direitos humanos desejados
E do jornalista reclamando direitos atropelados!

Triste e envergonhado por pertencer a espécie humana
Descia e via uma vendedeira com uma única banana
Que me dizia, feliz e dengosa, que se chamava Bela Susana!


João Furtado

12 de Dezembro de 2010

sexta-feira, dezembro 10, 2010

F E L I Z N A T A L

F Foi numa noite fria e calma

E Enquanto todos leito tinham

L Lá longe numa gruta deserta

I Inda Menino o Deus Nascia Pobre

Z Zelado por Maria e José e as Estrelas.



N Não teve cama nem cobertor, mas,

A As estrelas, Ele teve e anunciavam

T Tão longe quanto pequeno é o Mundo…

A As prendas vieram e entre elas o sofrimento, e,

L Lágrima dos homens chorava enquanto Maria Sorria!





João Furtado

Plantas

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Feliz Nata!

Feliz Natal a Arlete Piedade e a João P. C. Furtado! E a todos os visitantes deste espaço maravilhoso criado por Arlete Piedade!

Natal é tempo de perdão
Renovação
Alegria que enfadiga
Diga a verdade
Sempre

quarta-feira, dezembro 08, 2010

FELIZ NATAL E PROSPERO ANO NOVO

Fazendo o balanço do ano que finda
Este 2010 não foi mau de todo
Lentamente o dengue reduziu-se e as
Ilhas ficaram mais verdes com as chuvas caídas
Zelo à volta e vejo um povo um pouco mais alegre...

Na verdade o dinheiro não é muito
A pobreza crescida no mundo se reflecte,
Também não podia ser diferente…
A terra toda em recessão e nós os flagelados…
Lógico está que tínhamos que sofrer também!


E…


Para o Ano 2011 que vem Novo
Repleto de segredos e promessas
Os meus maiores desejos são para todos
Saúde e paz e amor e respeito pelo ambiente
Para que o mundo seja mais saudável
E a guerra, o maior mal dos homens,
Rejeitado seja pelos governantes do Planeta
O gasto resgatado que sirva para construir a PAZ…

Amor, bela palavra e símbolo de saúde mental
Não deixem que o ódio mate este bem interior
O amor que alimenta-nos e vive dentro de nós!

Nesta quadra de reflexão e balanço total da vida
O meu pedido, o presente que espero de todos vós…
Vos peço em presente, respeitem a Natureza
O mundo que temos pertence aos nossos NETOS!



João P. C. Furtado

Embaixador de Poetas del Mundo em Cabo Verde

Praia, 08 de Dezembro de 2010

domingo, dezembro 05, 2010

NATAL NO JORNAL E RÁDIO RAIZONLINE !

Natal no Jornal e Rádio Raizonline!

Já é Natal! O espírito natalício vai tomando conta de todos nós! É o frio a chegar, é a atmosfera de bulício e alegria latente, os atropelos, as correrias diárias, as festas dos miúdos, todo um clima de alegria e pressa que nos invade!

Os presentes para comprar, que iremos fazer para a ceia de Natal, que familiares teremos que convidar? Onde se reunir a familia? Tudo questões para resolver...mas e a principal? Com esta crise como gerir o dinheiro que cada vez é menos?

Não vou dizer que temos uma reposta, ou damos dinheiro aqui na Radio Raizonline! Mas damos uma ajuda á nossa maneira! Alegrando os seus dias com poesia e música, para que possa relaxar uns momentos escutando a nossa Radio!

Então o meu desafio e convite hoje é:

- Mande-nos um poema ou um conto de Natal!

Todos serão gravados com música natalicia e serão passados na nossa rádio, em horário que será comunicado posteriormente, para que você possa partilhar com os seus familiares e amigos, o seu talento, nesta quadra tão especial! Se já tiver poemas gravados pode também enviar-nos o audio de preferênica no formato mp3.

Mande para o meu email: arletepiedade@raizonline.org e de todos acusarei a recepção e será dado o maior carinho e atenção!

Espero por vocês e os vossos trabalhos de Natal!

Beijos ternurentos! Feliz Natal!!

Arlete Piedade

É NATAL !



Mais um Natal que chega para nos recordar!

Já se sentem, envolvendo-nos, as vibrações!

A paz e a doçura instalam-se nos corações!

- O nascimento de Jesus vamos festejar!



A ementa da ceia de Natal, é reduzida.

Os presentes serão oferecidos com amor;

humana fraternidade será escolhida,

para mitigar a solidão, o frio, a fome e a dor!



- Tira da tua mesa de Natal, uns pedaços -

pão, carne, bolos! - Enfeita com alguns laços!

- Vai levar áqueles vizinhos esfomeados...



Mas cuida para a humildade, apagar os traços

do orgulho! – E acolhe com carinho, nos teus braços,

se a emoção calar as bocas amarguradas!





Arlete Piedade

Natal 2010