segunda-feira, fevereiro 28, 2011

NOITE DE CHUVA

Bate a chuva forte,  na vidraça quebrada

do velho casarão na curva do caminho,

na negra e tenebrosa noite de trovoada,

que amedronta o pobre homem sózinho.

 

Enregelado encolhe-se debaixo do cobertor

 esburacado,  na cama sem a companheira,

falecida há tanto tempo, que com a velha dor

se acostumou, como uma eterna  bebedeira.

 

Pensa onde andará o velho cão,  que enroscado

 ao fundo da cama, a seus pés frios dava calor

na sinistra madrugada da noite invernosa?

 

Mas amanhece mais um dia frio e enevoado

na casa vazia, sem sinais de vida, só há horror

dois corpos jazem hirtos, na manhã nebulosa!

 

Arlete Piedade

 

(Inspirado e em homenagem aos idosos que morrem sózinhos)

Sem comentários:

Enviar um comentário