sexta-feira, dezembro 20, 2013

A CHEGADA AO EGIPTO




Era já noite alta, as estrelas brilhavam no céu escuro e límpido, iluminado pelo brilho das constelações e nebulosas que se recortavam claramente naquele firmamento esplendoroso de luz e quietude.

José caminhava desde há vários dias e noites apenas com pequenas paragens para os animais descansarem, e sua esposa e o Menino comerem algum parco alimento que lhe permitisse prosseguir naquela viagem, cujo fim ele esperava alcançar nos dias seguintes.

As suas pernas cansadas prosseguiam no entanto com um ritmo próprio como se não pertencessem ao mesmo corpo e fossem comandadas por algum mecanismo desconhecido de um tempo futuro, ou talvez passado, José não sabia, mas sentia que elas não lhe pertenciam e alguma força superior as comandava em seu lugar e lhe fazia sentir aquela urgência em prosseguir sem descanso até o Menino estar seguro em terra egípcia.

Olhou para trás brevemente, alertado por algum ruído diferente e quase impercetível e viu sua esposa que dormitava sentada no burro exausto que no entanto ia também arrastando as suas patinhas desabituadas daquele piso, e envolvido na manta que o protegia do frio noturno do deserto, o pequeno vulto do filho de Maria, mas a quem ele amava com um amor tão forte que sentia que daria a sua vida para o proteger e a sua mãe.

Um pequeno vulto negro no céu, se destacou por breves momentos contra o brilho da noite estrelada e José pensou que fosse uma ave noturna e em breve esqueceu, enquanto prosseguia incansável rumo ao sol nascente cujos clarões da aurora já começavam a pincelar o céu com rosas e violetas sob um fundo dourado.

Em breve o sol esplendoroso e ardente iria subir rapidamente no céu e cada dia era mais difícil prosseguir viagem sob o calor sufocante.

José sabia que mais á frente existia um pequeno oásis com algumas árvores e um pequeno poço que servia há várias gerações para os caminhantes do deserto sobreviverem naquelas paragens inóspitas matando a sua sede e dos animais e esperava alcançá-lo antes do sol ficar a pino sob as suas cabeças para pararem um pouco e descansarem da fadiga.

Enquanto o sol se erguia rapidamente ofuscando o brilho das estrelas, José viu que sua esposa quase tombava da montada, devido ao extremo cansaço e lutava para aconchegar a sua preciosa carga, ao seu colo cansado.

Parando a sua marcha José acorreu e tomou para o seu colo, o menino que dormia ainda, embora desse sinais de em breve despertar, pois que entreabria os seus olhinhos escuros e curiosos, mas depois os voltava a fechar devido á luminosidade ardente.

José colocou-o sentado sob os seus ombros e o menino colocou os bracinhos á volta da sua cabeça para se segurar, depois de José lhe ter ajeitado o seu turbante para o proteger do calor ardente.

Foram prosseguindo e José ia falando com o seu filho para o distrair da fome e da sede e do calor, contando histórias que ouvira a sua pai, de homens de outros tempos e das lutas que travavam no deserto contra leões e bandidos, e como guerreiros, sempre venciam, depois de lutas muito difíceis e demoradas, cheias de ciladas e armadilhas.

O menino ouvia com interesse debruçado sobre a sua cabeça para melhor ouvir, e assim foram caminhando com Maria dormitando atrás sob o burrinho até que alcançaram o oásis.

No entanto o velho poço estava quase entulhado com pedras derrubadas que algum vândalo sem respeito pelos outros caminhantes, ou alguma tempestade ou luta, tinham originado.

José olhou para os odres em pele, onde só uma pequena gota restava, quente e salobra, e retirando o menino de sob os seus ombros, colocou-o cuidadosamente sentado á sombra de uma tamareira, que no entanto por não ser a época, não tinha frutos, dizendo-lhe:

 - Jesus meu filho, fica aqui sentado que eu vou ajudar tua mãe a desmontar para descansar também um pouco aqui junto de ti.

O menino sorriu em silêncio acenando com a cabeça afirmativamente e José aproximou-se de sua esposa ajudando-a a descer da montada e retirando do alforge, uma manta resistente, estendeu-a á sombra da árvore e lá acomodou os dois seres mais importantes da sua vida para um breve descanso enquanto prendia com um laço comprido, o burrinho á árvore também.

No entanto o pobre animal também exausto deixou-se cair junto a seus donos e assentou a sua cabeça entre as patas para também descansar.

Então José despindo a sua túnica aproximou-se do poço entulhado e com esforço começou a tentar remover as pedras enormes que o tapavam, o que parecia ser tarefa superior ás suas forças humanas, dado a tamanho e o peso das mesmas.

Mas José não era homem de desistir, quando estava em causa a sobrevivência da sua família e ficou olhando em volta, concentrando-se e procurando uma solução para o problema.

Reparou então numa árvore mais afastada do poço e que devido á falta de água estava quase seca, e indo ao seu alforge de lá retirou uma foice com uma lâmina afiada e curva que tinha levado para acudir a alguma emergência no deserto.

Aproximando-se da árvore com aquela ferramenta rudimentar, começou a cortar o seu tronco pacientemente, para fazer uma alavanca que lhe permitisse remover as pedras do poço.

Ergueu os olhos ao céu numa prece silenciosa e tomado de um súbito vigor ao olhar para o seu filho que brincava com um pequeno tronco fazendo desenhos na areia, atacou com força redobrada a pequena árvore, que em breve estava decepada sob os seus golpes certeiros.

Então aproximando-se do poço, começou a manobrar a sua ferramenta improvisada e as pedras começaram a ceder, e a serem levantadas pela habilidade do homem conjugada com a ferramenta rudimentar e intemporal que também lhe iria servir de cajado se resistisse pois o seu tinha-se partido ao escalar uma encosta pedregosa.

Em breve a água escura e fresca estava á vista e José mergulhando os seus odres na água, os encheu completamente e os levou a seu filho que bebeu cuidadosamente e a sua esposa que ainda mais parcamente bebeu a sua porção de líquido vital á vida.

Desdobrando um recipiente em pele que traziam no alforge, colocaram também um pouco de água que o animal sorveu com evidente satisfação e até se levantou como se quisesse continuar a caminhada, mas na verdade procurava algo para comer.

Comida, José procurou no fundo do alforge e encontrou um pouco de pão seco, que demolhou com um pouco de água fazendo uma açorda tosca que deu a comer a sua esposa e seu filho, e também um pouco para o animal.

Para ele próprio, apenas algumas gotas de água para lhe humedecerem a boca ressequida e a pele abrasada do calor do sol, enquanto se sentava por momentos junto aos seus á sombra da árvore raquítica.

A sua cabeça tombou por breves momentos e Maria disse-lhe com ternura para que descansasse algum tempo, que o Egipto já estava á vista e que estavam livres da perseguição do inimigo.

José fechou os seus olhos e uma visão estranha por breves momentos de sono sobressaltado o assaltou, e viu uma cruz alta erguendo-se contra um céu escuro em que nuvens de tempestade e raios se entrecruzavam e compreendeu num relance que a sua missão estava longe de estar concluída, mas de momento podia descansar um pouco.

O sol declinava no horizonte, quando todos retomaram a marcha e em breve o céu estrelado onde um cometa com uma longa cauda, fez a sua aparição, recordou a José que naquela noite se completavam três anos do nascimento do menino em Belém, e que uma estrela assim brilhante lhe tinha indicado o estábulo e que agora lhe indicava de novo o caminho seguro para nessa noite cruzarem a fronteira do Egipto e ficarem em segurança na terra prometida.

Guiado pela estrela, José foi caminhando sem desfalecer sentindo uma presença benéfica junto de si, guiando os seus, e quando o sol se reergueu de novo, iluminou uma paisagem nova e diferente onde verdes planícies se avistavam ladeando um rio de água azul tão brilhante que corria preguiçosamente através dos campos circundantes e ao longe estranhos edifícios pontiagudos, ou mesmo montanhas, José não sabia, se erguiam por detrás de uma cidade magnífica cujos minaretes rebrilhavam como jóias ao sol da manhã.


Tinham chegado! Era o Egipto, a terra prometida! José tinha cumprido a primeira parte de sua missão de pai e protetor do seu filho e da sua esposa.

Arlete Piedade

Este conto ficou em 5º Lugar, no IV Concurso Artístico "Histórias de Natal" promovido pelo Centro de Estudos Culturais de Petrópolis - RJ (Brasil).






segunda-feira, outubro 21, 2013

A NOITE

















Tensa, esperando  amanhecer
sonhando com os raios de sol
nada em redor, querendo ver
somente desejando o arrebol!

A Lua magnífica percorre o céu
a sua luz clara e fria espargindo
poalha de estrelas, tecem o véu
galáxias, constelações, surgindo!

Olho silenciosa, o vasto universo
e sinto-me um graõzinho de areia
fazendo parte do Cosmos colossal!

Esqueço a alvorada, apenas peço
adormecer banhada p'la Lua Cheia
e acordar para mais um dia, afinal!


Arlete Piedade

quinta-feira, setembro 26, 2013

Sonhar em Setembro



Foi em Setembro que voltou o outono
dias a encurtar, temperatura ardente
de noite sonho com você no meu sono
ignorava seu sonho comigo, igualmente...

surpresa inesquecível, mas a confusão
reina na minha mente nsone e inquieta
mil pensamentos e uma doce sensação
- não sou indiferente a quem me desperta?

estes sonhos dispersos, porém conjugados,
mistério da vida, em meus versos narrados
sinal evidente de uma terna cumplicidade...

serão mais os pontos de união, ou separados
p'la distância física, estão os espíritos ligados
sonhamos com o encontro da nossa amizade?

Arlete Piedade

sábado, setembro 21, 2013

O DIA INTERNACIONAL DA PAZ

O DIA INTERNACIONAL DA PAZ

A  A Paz é sem duvida incontornável
B  Belicoso gesto humano apenas destrói
C  Construir e caminhar irmãmente são necessários
D  Deixar a guerra e respeitar a natureza
É  É uma exigência e não uma opção
F  Fazer o bem e ser tolerante pede-se
G  Guerra cria ódio e ódio cria guerra
H  Hoje é dia da PAZ comemoremos a Paz
I   Imperioso é construir a Paz e viver
J   Juntos com respeito, amor e tolerância
L   Libertar a mente e compreender que somos iguais
M  Matar por ideal e fazer calar opiniões
N  Não é e nunca será a via certa
Ó  Ó homem não seria o tempo de parares
P   Podes ver o resultado das tuas minas e armas?
Q  Quantos irmãos teus já mataste por intolerância?
R  Respira fundo e pensa e veja o resultado
S  São velhos, mulheres, crianças e mutilados...
T  Todos desesperados e amontoados...
U  Uma calamidade e tanto dinheiro gasto ingloriamente
V  Vivem nus, com fome e sem escola...
X  Xingados e maltratados por teu ato
Z  Zelados pelo infortúnio e tu vanglorias de teres razão...

João P.C. Furtado
Praia, 21 de Setembro de 2013
Embaixador Universal da Paz - França - Genebra - Suiça - Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix
Embaixador de Poetas del Mundo para Cabo Verde
http://joaopcfurtado.blogspot.com/

quinta-feira, setembro 19, 2013

CONVITE PARA ANTOLOGIA DA ULLA


Presados sócios e amigos

A direcção da U.L.L.A. vem por este meio convidar-vos a entrar e colaborar na nossa próxima Antologia com tema livre.
Esperamos que nos enviem 3 trabalhos vossos tanto em prosa ou poesia, para o email criado para esse fim:
"temalivreantologiaulla@gmail.com

Só os trabalhos enviados para este endereço serão válidos.

Agradecemos que venham em
titulo centrado
Arial 12 Bolde
Corpo
Arial 11
Nome
Arial 11 Bolde

Todos os que não mandarem assim a direcção muda para este formato

Ficamos esperando pela vossa colaboração o mais breve possível

Saudações poéticas

Pela direcção

Edyth Teles de Meneses e Arlete Piedade

quarta-feira, setembro 18, 2013

UM DIA NOVO, CADA MANHÃ!

Um dia novo,cada manhã

Como não celebrar a vida, mesmo que o coração enfraquecido bata tão devagarinho e os pés tenham que tactear para descer as escadas do primeiro andar?
Como não querer viver, se por dentro dos vidros da janela do rés-do-chão em frente, um fofo gato preto e branco, espreita quem passa, qual almofada animada que por vezes se aninha dormitando ao sol?
Como não sentir a alegria da vida, quando na rua, passa um menino que acena rindo em direcção á janela do primeiro andar, onde o homem idoso espera por ele, para lhe dizer bom dia?
E diz-me ele: " Não havia aí um pássaro, que canta? Ele é meu? Ele canta para mim?" - Sim, é o seu canário, ali na marquise. Está a cantar, está contente.
E acrescenta espreitando o terraço que se estende nas traseiras do primeiro andar com uma arrecadação ao fundo: " Aquilo ali ao fundo também é meu? E as árvores, com aqueles frutos, que abanam ali do lado? "
Pacientemente respondo pela décima vez: Sim, é a sua arrecadação onde tem o seu escritório e os seus livros. É sua, e o terraço também. Até aquela parede branca. Do lado de lá é o quintal da vizinha, com a laranjeira e as laranjas.
As árvores abanam ao vento forte deste inverno. Mas ele quer saber porque abanam, como um menino que descobre o mundo. - É o vento que sopra e faz as árvores abanar - Explico pela décima vez. Ele ri deliciado com o mundo que redescobre todos os dias.
Senta-se á mesa da sala em frente da televisão. Olha em volta e espreita para a cozinha ao lado. Aponta: " E ali? Que é aquilo? Também é meu?"
- Sim - Respondo com voz calma - São os armários da cozinha. E também são seus. E a cozinha também.
- "E que tem lá dentro?"
Aproximo-me das portas que abro e vou explicando e mostrando: Aqui tem os pratos para comer a sopa. Aqui tem os copos para beber a água. Aqui tem as taças para a fruta. É tudo seu!
Ele ri encantado por descobrir-se dono de tantas coisas, quando eu aponto a sala, a televisão e todas as coisas e lhe volto a afirmar que é tudo dele, ali dentro. A excepção é apenas o quintal da vizinha, onde as árvores de ramos nus abanam ao vento. Nem todas, pois a laranjeira tem folhas verdes escuras brilhantes e bolas coloridas que abanam também ao vento. São as laranjas, volto a explicar.
- E ali dentro, aquelas pessoas, estão mesmo lá? - Ele aponta a televisão.
Agora as explicações, vão ser mais demoradas. Mas frase a frase, ele lá vai entendendo que as pessoas estão na televisão em Lisboa ou no Porto, estão mesmo lá a mostrar aquelas coisas, a falar com aquelas pessoas, a cantar, ou a andar por Portugal, para mostrar a todos como é o nosso país.
Recordado como é o mundo á volta, o local onde vive, e as pessoas que o rodeiam, sossega enfim em frente á televisão, aconchegado no ambiente aquecido, enquanto eu tento inventar uma receita nova todos os dias, para o almoço, para ainda lhe apetecer comer.
É o dia a dia de um doente de Alzheimeir, que se sente feliz só por ter um terraço para olhar do outro lado da vidraça, com gatos nas janelas, com árvores que abanam ao vento, com laranjeiras e meninos a passar na rua acenando sorridentes!

Arlete Piedade

P.S. Pena que desde que este texto foi escrito, a doença apesar das descobertas recentes que apontam para uma possível cura, continue o seu avanço sem se deter. O gato desapareceu da janela que agora está sempre fechada - para onde foram os donos? - as pernas já mal têm forças para descer as escadas, as palavras saem quase inaudíveis da boca, o cérebro esquece tudo da manhã para a tarde, ou de uma hora para a outra, e até o canário se esquece de cantar e fica no seu poleiro a dormitar como o dono em frente á televisão! E mais haveria para dizer...mas são coisas tristes...melhor deixar votos que em breve a cura possa ser efectiva e ainda haja condições no nosso país, para a aplicar na prática!

domingo, setembro 15, 2013

AMANHECER










Depois de uma noite escura
chega sempre o amanhecer
a infelicidade encontra cura
na alma límpida a florescer!

Transparece doce esperança
nas cores do céu ao alvorecer
a madrugada traz a confiança
que em breve o sol irá nascer!

Chispam raios de luz colorida
um espectáculo cada manhã
Deus nos dá, sem pedir nada...

a amizade cura toda a ferida
amigo irmão, amiga tua irmã
juntos esperando a alvorada...

Arlete Piedade.

BOMBEIROS
















Será só da natureza ardente pelo calor extremo do verão
ou também do descuido do homem com a mata e floresta?
Então porque se encontram vestígios criminosos pelo chão
e onde o incêndio lavra, árvores ardem, casas e nada resta?

Como podem culpar esses heróis abnegados, os bombeiros,
quando no Inverno, lhe retiram subsídios e negam material !?
Se ao surgir o fogo imparável e aterrorizador, são os primeiros
sem dormir e comer, incansáveis enfrentam o calor infernal?

Tudo esquecem, a família, os filhos, os sonhos e até a sua vida
ao assumirem um compromisso sagrado, uma divina missão
de ajudarem a humanidade a derrubar esse terrível inimigo...

no afã de chegaram ao seu destino, e iniciaram a sacra lida
acidentes ocorrem, bens e heróis despedaçados pelo chão
ou cercados pelo fogo, carbonizados, desprezando o perigo...

Arlete Piedade

Publicado na 3ª Coletânea Poética do Guará - Brasília - BRASIL e na

Antologia de Setembro/2013 LOGOS DA FENIX, aqui:

http://www.carmovasconcelos-fenix.org/LOGOS/LOGOS-4SET-2013.htm

segunda-feira, maio 06, 2013

SANTARÉM CIDADE DA LIBERDADE





Santarém Cidade da Liberdade

Fazendo uma viagem no tempo pela história de Santarém e os seus heróis da liberdade:
- Estamos em 1147 e na madrugada de um domingo, um grupo de guerreiros comandados pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques aproximam-se a coberto da escuridão dos altos muros da cidade adormecida, que há quatro séculos está sob o jugo dos muçulmanos, e capitaneados pelo decidido capitão Mem Ramires que é o primeiro a subir á muralha para arrancar a cidade das mãos dos opressores, escrevem uma das páginas mais brilhantes e decisivas na história da cidade, ao devolvê-la aos cristãos, que a partir daí não mais deixarão que ela volte para mãos estrangeiras.

Estamos agora em pleno período negro em meados do século XVII, com o país em poder dos espanhóis, devido ao desaparecimento sem deixar herdeiros, de El-Rei D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, quando o nobre fidalgo D. Manuel de Sousa Coutinho, mais tarde conhecido como Frei Luís de Sousa, intimado pelos governadores estrangeiros a entregar o palácio de sua família para servir-lhes de residência, num acção heróica, prefere incendiá-lo do que vê-lo nas mãos dos odiados usurpadores.

Passados mais dois séculos e uma grande guerra assola o país de norte a sul, irmãos contra irmãos, filhos contra pais, uma luta ideológica entre as novas e as conservadoras ideias de dois pretendentes ao reino, D. Pedro como defensor do liberalismo e D. Miguel como defensor do absolutismo, quando emerge entre todas as lutas, um extraordinário e fabuloso militar, um digno sucessor dos guerreiros de antanho, um defensor intrépido da liberdade, Bernardo de Sá Nogueira, que ficaria conhecido como marquês de Sá da Bandeira, que entre tantas acções heróicas que o notabilizaram, uma das mais importantes foi sem dúvida a abolição da escravatura, que decretou como ministro que foi, quando em consequência das vitórias conseguidas, ocupou vários cargos no governo da Nação.

De novo saltamos no tempo e estamos agora em pleno século vinte, o país debate-se com uma ditadura fascista e uma guerra interminável em África que ceifa a fina flor da juventude do país, quando em Santarém, um jovem capitão chamado Salgueiro Maia, numa heróica madrugada se põe a caminho de Lisboa á frente das suas colunas, usando como balas, cravos nas coronhas das armas, e como senhas para a liberdade, canções, para tomar a capital e expulsar o governo fascista, restituindo mais uma vez a liberdade ao povo, e fazendo jus ao teu título minha cidade de SANTARÉM CIDADE DA LIBERDADE!

Arlete Piedade




AS MÃES DA MINHA VIDA






Há anos fui convidada a escrever um texto sobre o Dia da Mãe, que se comemorou no domingo, dia 5 de Maio em Portugal e que será dirigido a leitores de Portugal, do Brasil e outros países pelo mundo. Deparo-me portanto, com múltiplas escolhas sobre o que escrever e a quem dedicar a minha prosa. Geralmente escrevemos nestes dias, sobre a nossa mãe e também se diz que Mãe há só uma!
Sim, cada um tem a sua mãe, que também foram filhas e tiveram a sua mãe, que foi a nossa avó. Das avós também se diz que são mães duas vezes. Mães dos seus filhos e dos filhos dos seus filhos. Depois temos as nossas sogras, as mães dos nossos conjuges, aquelas que geralmente têm má fama, mas que muitas vezes é imerecida, pois acabam por ser também mães duas vezes. Mães dos seus filhos ou filhas e mães das pessoas que foram escolhidas para parceiros de vida, através do casamento - ou não - dos seus filhos(as).
As nossas sogras além de serem também um pouco nossas mães, por sermos casados com seus filhos, são também as outras avós dos nossos filhos, que seguindo o mesmo raciocínio, são mães a dobrar dos nossos filhos, que amamos tanto.
Então segue-se que temos não só as nossas mães, como também as nossas avós e ainda as nossas sogras, todas elas com o papel de nossas mães.
Depois - e aqui falo de outros casos que não o meu - temos as mães adotivas, as mães de acolhimento, as mães afetivas, as mães de criação, as madrastas, enfim, mulheres que em alguma altura das nossas vidas, nos acolhem e nos dão a ternura e a educação que a mãe biológica, não pode dar, seja por morte, afastamento, falta de condições económicas, ou outros motivos.
Mas voltando ao meu caso, as mães da minha vida, com que intitulei esta crónica, terei que falar em primeiro lugar da minha mãe. Nasci numa pequena aldeia no interior centro de Portugal, em finais da década de 50 do século passado. A vida era difícil, minha mãe vinha de uma família pobre, mas ainda hoje diz que nunca passou fome, ela e as suas quatro irmãs, apesar de no inverno não haver trabalho e viverem só das reservas que a terra dava e do crédito na mercearia. No verão ela e as suas irmãs trabalhavam no campo nos ranchos que vinha para a lezíria de Santarém, trabalhar para os grandes proprietários, nos trabalhos do campo sazonais, como a monda, a vindima, a apanha da azeitona e outros. O meu avó, seu pai, era pedreiro mas naquela época, as casas eram construidas com adobes, blocos feitos com terra seca ao sol e que portanto só no verão era possivel construir. Meu pai, também filho de uma família dedicada aos trabalhos no campo e a pequenos negócios, foi serrador na sua juventude. Iam em ranchos, os homens para os pinhais da Beira Baixa, distantes mais de 100 a 200 kms, nas suas bicicletas a pedal, carregados com mantimentos, roupas e instrumentos de trabalho para ficarem fora de casa, dois a três meses, e lá ficavam cortando os pinheiros e outras árvores que serravam em tábuas, tudo á mão com trabalho manual, portanto, até poderem regressar a casa. Era uma vida dura, o trabalho era muitas vezes feito debaixo de neve e chuva, e a comida era feita numa fogueira e mantida pendurada nas árvores em sacos, para não ser comida pelos animais e se manter por mais tempo. A única maneira de se aguentar, era o sal com que era acondicionada, nomeadamente a carne que levavam, para cozer e fazer a sopa com feijões ou grãos. Um dia o meu pai teve uma zanga com os companheiros penso que devido a contas, e jurou que nunca mais iria serrar. Veio para casa, e foi tirar a carta de condução de motorista profissional, o que na década de cinquenta, e nas aldeias, era um grande feito.
Portanto quando eu nasci, meu pai já trabalhava como motorista e minha mãe tomava conta das propriedades que cultivavam, além do trabalho da casa, de dar comida aos animais que tinham, e de ir lavar a roupa ao ribeiro, porque nem tanque tinha em casa e era hábito naquele tempo.
Era uma vida trabalhosa, mas feliz. Quando chegou a altura de eu ir para a escola primária, que era numa aldeia vizinha, sede da junta de freguesia, ia a pé com as outras crianças, através dos campos, cerca de três quilómetros, e além dos livros, levava o almoço que a minha mãe me mandava e comia frio. Como eu era boa aluna e segundo as professoras era inteligente, foi recomendado aos meus pais, para me "colocaram a estudar". Meu pai nessa altura trabalhava numa cerâmica com um camião que ia levar materiais de construção para Lisboa, principalmente tijolos e já ganhava relativamente bem para a época. Foi portanto decidido que eu iria estudar para Alcanena, uma vila que ficava a cerca de 15 Kms, e que tinha uma escola preparatória.
Mas não era fácil. Eu tinha que ficar fora de casa todo o dia e só tinha onze anos. Saía de casa ás 7 h da manhã e regressava ás 20 h ou mais tarde. Levava mais uma vez o almoço numa lancheira, embrulhada em jornais, para manter o calor, mas quando chegava a hora do almoço, já estava frio. Minha mãe ainda há dias me dizia que naquela época, levantava-se ás 2 h da manhã para fazer o almoço para o meu pai levar para o trabalho, pois ele saía de casa de madrugada, a seguir levantava-se de novo ás 6 h da manhã para me preparar para ir para a escola e quando regressava a casa de me ir acompanhar ao autocarro, eram horas de chamar a minha irmã mais nova, para ir para a escola primária a tal que era a 3 kms de casa, através dos campos, e para lhe fazer o almoço também para ela. Mas chegou nova época, quando eu terminei os dois anos da escola preparatória e tive que enfrentar nova escolha para continuar os estudos. E essa escolha implicou uma mudança radical para a família, em especial a minha mãe, pois foi decidido que eu viria estudar para Santarém, a capital do distrito, onde havia o curso que eu devia seguir, ou seja o Curso Geral de Comércio.
Dada a distância, 30 kms, não era viável eu ir de autocarro e regressar a casa todos os dias. Não havia horários compatíveis e era muito cansativo para mim. Portanto a opção dos meus pais, foi a minha mãe mudar-se para Santarém connosco, eu e a minha irmã para continuarmos os estudos, enquanto meu pai permaneceu na aldeia sózinho, indo só ficar connosco á nova casa alugada na cidade, quando as viagens de trabalho lhe permitiam passar perto de Santarém e fazer uma paragem. Meus pais venderam os animais - cabras, porcos, uma mula e a carroça que ela puxava - porque não havia quem tratasse deles, e sei como essa mudança foi dolorosa para eles. Especialmente para meu pai e também para minha mãe que estava habituada á vida da aldeia e a ter o seu marido com ela.
Mas havia épocas em que era necessária a sua presença na aldeia, para fazer certos trabalhos do campo - como a apanha da azeitona - e nessas ocasiões, vinha a mãe nº 2, a minha avó materna, para cozinhar e tomar conta de mim e da minha irmã. Se era difícil para a minha mãe, para a minha avó, era mesmo um sacríficio, mas ela lá se aguentava, até que uma trombose a apanhou e teve que ficar acamada na sua casa na aldeia.
Novo sacrífico para a minha mãe, já que naqueles tempos, não se falava em por os pais em lares. Quando adoeciam ou ficavam velhos, os filhos revezavam-se á vez, para tomar conta deles, cuidando-os e providenciando o que fosse necessário mesmo com prejuízo da vida familiar. Assim a minha mãe dividia os dias da semana com as outras três irmãs, que moravam junto á minha avó, sendo a minha mãe a única que morava mais longe, na cidade a trinta quilómetros, e dois a três dias, de duas em duas semanas, ia para casa da mãe, para cuidar das suas necessidades mais básicas, já que estava paralisada na cama, até que ela faleceu. Eu e a minha irmã, ficavámos sózinhas em casa. No entanto foi a minha irmã a que mais sofreu, pois eu entretanto ja tinha casado e ido para a minha casa. E em especial, o meu pai, que mais uma vez ficou sózinho e teve que fazer de pai e mãe, nesses dias de ausencia da esposa.
Mas não vou contar toda a vida da minha mãe e os sacrifícios que passou pelas filhas e a família, porque também quero falar um pouco da outra mãe da minha vida, já falecida: a minha sogra.
Contráriamente ao habitual quando se fala de sogras, a minha foi sempre como uma mãe para mim. Acolheu-me na sua casa e na sua família, desde o primeiro momento em que eu apareci como namorada do seu filho, com os meus 19 anos. Tive desde o primeiro momento, um grande carinho e admiração por essa mulher franzina, sofrendo desde sempre com graves problemas de reumatismo, que se viu viúva quando tinha cerca de quarenta anos, com sete filhos para criar, o mais velho dos quais tinha 18 anos e mais pequena, era ainda bebé. Nessa altura, eram colonos em Moçambique, ao abrigo dum programa do governo daquela época, que cedia as terras para cultivar ás pessoas pobres que quisessem ir para lá.
Como é óbvio só conheço essa história por me ser contada pela família, porque só os conheci mais tarde, mas ao regressar ao continente, com os sete filhos, teve que recomeçar sózinha a vida desde o zero. Trabalhando no campo com os filhos mais velhos, enquanto os do meio, tomavam conta dos mais pequenos, com uma casa que foi sendo construida por eles, e que inicialmente, só tinha quatro paredes e um telhado, com piso térreo, num terreno alugado, conseguiu unir a família em torno de si, e todos conseguiram bons trabalhos e boas casas, e uma vida digna. Era verdadeiramente a matriarca da família, em torno da qual tudo girava e todos se uniam, e agora que se foi, com noventa anos, o seu espírito e os seus ensinamentos e exemplos de vida continuam vivos na família.
Da minha avó paterna, guardo também carinhosamente boas recordações, mas ela faleceu quando eu tinha quinze anos e portanto só a recordo quando eu era criança e ia á noite a sua casa, com o meu pai, e estavam a jantar á luz da candeia. Geralmente eram batatas cozidas com bacalhau, pelo menos é o que recordo e sempre me convidavam para comer com eles. Muitas vezes era apenas um pouco de pão molhado no molho do bom azeite das suas oliveiras, que ainda estão lá dando os seus frutos, mas que me sabia muito bem.
Quem teve paciência para ler até aqui, eu agradeço por poder partilhar algumas recordações das mâes da minha vida, e dedico em especial á minha mãe, única que ainda se mantém viva a meu lado, esta crónica, neste Dia das Mães.

Arlete Piedade
5/05/2013




sexta-feira, abril 12, 2013

POETES LEVEZ-VOUS



Les poètes du monde entier se lever!
Levez les stylos sur papier soutenus
Ecrire contre la guerre en mots pressés!

- Il est de l'autre côté du monde? Est-ce loin? Ce qui nous intéresse?
- Ce sont des menaces en l'air? Ils ne sont pas à prendre au sérieux?
- Ils marchent dans les scènes de menaces depuis des décennies?

Non, pas des poètes! Il ne faut pas croire, non!
Laissez les plumes dressées, en soutenant les papyrus ...
Rédiger!
Protest!
Signaler!
Soyez positif!
Cry contre les missiles nucléaires!
Nucléaire! Nucléaire ...!
Les poètes de connaître les effets de l'énergie nucléaire?

Nous vivons dans un petit monde ...
une boule bleue qui tourne et tourne ...
un monde impliqué dans le même air ...
baignée par la mer même ...
où les gens vivent ... les gens ... les frères ...
Les enfants de la même mère .. Terre-Mère!
Créé par le même Père! Le Créateur!
Sauvé par les Anges Gardiens mêmes!

Ils ne se soucient pas si la couleur de notre peau est foncée,
brun, blanc, jaune ou rouge ...
Si votre corps est grand ou petit, gros ou mince ou ...
Fleurs ont aussi couleurs variées ...
Les baleines sont des mers belles ... les oiseaux dans le ciel ...
mammifères sur terre, d'insectes, de vers jusqu'à ce que ...
nous sommes tous des enfants de la Terre!
Et ils veulent empoisonner notre Mère commune?
Comment allons-nous survivre à nous tous les êtres sur cette planète?

Les poètes! Mes frères! Soyons tous de donner les mains!
Rédiger! Signaler! Protest!
Avec la guerre FINI!
DEMANDEZ POUR LA PAIX! AVANT QU'IL NE SOIT TROP TARD!

Arlete Piedade

Consul des Poètes du Monde à Santarém - Portugal

O CARTEIRO DO CÉU



Jesus remeteu-me uma carta
para me destinar uma missão:
- Pois que de afectos sou farta,
doá-los com carinho ao irmão!

Apregoar a boa nova, retornada
aos locais, de onde foi difundida,
com linguagem agora clareada,
anunciar uma regenerada vida!

Ele escolheu o carteiro celestial,
couraçado para resistir ao Mal,
capaz de ser imune á tentação...

Tocou-me á porta! Por sinal:
- Missão entregue! Até no final...
sua bondade curou meu coração!

Arlete Piedade

quarta-feira, abril 10, 2013

SAUDADE



Saudade é um nostálgico sentimento
Que habita nos corações, tal lamento
Um eco de algo que foi e te fez feliz
Uma pincelada de cor na escuridão...

Uma luz que brilhou por um momento
Tão intensa que alumiou o firmamento
E agora é uma emoção que ainda te diz
Que na tua alma, habitou uma paixão...

Por isso não lamentes o afecto ausente
O amor verdadeiro sempre está presente
Ele não deixará de morar em teu coração...

Continuará a iluminar-te a sua claridade
Se te concentrares, espantarás a saudade
E o amor voltará para chamar tua atenção.

Arlete Piedade


segunda-feira, abril 08, 2013

POETAS LEVANTAI-VOS!



Poetas de todo o mundo levantai-vos!
Ergam as canetas sobre o papel apoiadas
Escrevam contra a guerra em palavras apressadas!

- É do outro lado do mundo? É longe? Que nos interessa?
- São ameaças vãs? Não são para serem levadas a sério?
- Eles andam naquelas cenas de ameças há décadas?

Não, não poetas! Não vamos pensar assim, não!
Vamos erguer as penas, apoiar no papiro...
Escrever!
Protestar!
Denunciar!
Ser solidários!
Clamar contra os mísseis nucleares!
Nucleares! Nucleares...!!!
Sabem poetas os efeitos do nuclear?

Vivemos num mundo pequeno...
uma bola azul, que gira e gira...
um globo envolvido no mesmo ar...
banhado pelo mesmo mar...
onde vivem pessoas...pessoas...irmãos...
Filhos da mesma Mãe...a mãe Terra!
Criados pelo mesmo Pai! O Criador!
Guardados pelos mesmos Anjos da Guarda!

Eles não se importam se a cor da nossa pele é escura,
castanha, branca, amarela, ou vermelha...
Se o nosso corpo é alto ou baixo, ou gordo ou magro...
as Flores também têm variegadas cores...
as baleias são belas nos mares...as aves no céu...
os mamíferos na terra, os insectos, até os vermes...
somos todos Filhos da Terra!
E querem envenenar a nossa Mãe Comum??
Como vamos sobreviver todos nós, os seres deste planeta??

Poetas! Meus irmãos! Vamos todos dar as Mãos!
Escrever! Denunciar! Protestar!
Com a Guerra ACABAR!
PEDIR PELA PAZ!!!! ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS!

Arlete Piedade

quarta-feira, março 27, 2013

RENASCER NA PÁSCOA


Na primavera renova-se a natureza
Brotam nos troncos as tenras folhas novas
A terra tinge-se de cores e a beleza
Sugere aos poetas inspiradas trovas

A vida renasce nas verdes campinas
Com aves trinando nos seus ninhos
Os coelhos macios entre as boninas
Saltam velozmente pelos caminhos

E lembramos Daquele que na Cruz
Nos cedeu a vida eterna e essa Luz
Insiste em mostrar-nos a nova via…

Se a tentação por vezes, nos seduz
Fortificamo-nos na oração a Jesus
E em nossa vida, renasce a alegria!

Arlete Piedade

domingo, março 24, 2013

CABO VERDE

CABO VERDE

C Claro que jogo é jogo e tem três possibilidades
A A bola não entrou e perdemos mas a vida continua
B Bola para a frente e sonhos altos para Cabo Verde
O Outro resultado e de nosso agrado há de aparecer...

V Vamos lutar para o CAN 2015 e com desportivismo
E Estamos com a Seleção Nacional, que nos orgulha
R Resultados hão de aparecer e nos encher de alegria
D Derrotados jamais sentiremos, perdemos infelizmente
E É natural, pois sentimos vencedores pelo feito e que faremos!

João Furtado 
Praia, 24 de Março de 2013
Http://joaopcfurtado.blogspot.com

sábado, março 23, 2013

APRESENTAÇÃO DE OLHARES DE SAUDADE NA ABRÃ EM 10/03/2013



Arlete Piedade, Rui Ferreira, Presidente da Junta de Freguesia de Abrã, Dr. Ricardo Gonçalves, Presidente da Cãmara Municipal de Santarém, Professora Fernanda Barata



Grupo de Cantares de Abrã

Nota introdutória por Arlete Piedade:

Abrã, a freguesia onde pertence a aldeia de Canal, onde nasci, fica situada a norte de Santarém, de onde dista 25 kms, no sopé da Serra dos Candeeiros. Lá também nasceu a personagem deste livro, Isabel Pereira, a Isabelinha, bem como a sua família, frutos da minha imaginação, mas através das quais recordo no livro, factos da história da aldeia e dos arredores, bem como da minha própria infância e adolescência. Daí partiu a ideia de propor ao Presidente da Junta de Freguesia, a apresentação deste livro, para a qual tive a maior abertura e aceitação. Teve lugar no passado dia 10 do corrente mês de Março, com a presença de muitas pessoas, desde familiares, amigos, habitantes das aldeias, colegas de escola, antigas professoras, até personalidades que fizeram questão de marcar presença, como o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santarém e o Senhor Comendador Joaquim Louro, empresário benemérito da região entre outras.
Para fazer a apresentação, o senhor presidente da Junta, propôs e eu aceitei grandemente honrada, a Senhora Professora Fernanda Barata, cujo pai e tio, foram também professores distintos e beneméritos, sendo hoje recordados no concelho e cidade de Santarém, com grande carinho, saudade e reconhecimento. De referir que seu pai, foi o professor do meu próprio pai, que o recordava com enorme orgulho e um grande estudioso das freguesias e histórias das mesmas, do concelho de Santarém, cujas crónicas foram publicadas no centenário jornal da empresa regional, O Correio do Ribatejo, no qual a distinta professora também tem publicado com regularidade as suas brilhantes crónicas.
Abaixo transcrevo o teor da sua apresentação, escrito e lido pela própria, que a título gracioso se deslocou de Leiria, onde reside, para prestigiar a sua terra de origem e a sua cultura, facto que agradeço enormemente reconhecida e orgulhosa. A memória de meu pai, saiu também enaltecida, pois sempre foi um homem inteligente, grande leitor e apreciador da leitura e dos livros, apesar de não ter podido continuar os seus estudos além da 4ª classe, facto que o levou a sacrificar-se para o poder proporcionar a suas filhas, sendo enorme motivo de orgulho para ele. Foi assim que falou a senhora professora:

"Exmº Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santarém,
Exmº Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Santarém,
Exmª Senhora Vereadora da Cultura,
Exmª Senhora Vereadora da Educação,
Exmª Senhor Presidente da Freguesia de Abrâ e todos os membros da Assembleia de Freguesia,
Exmº Senhor Padre Pereira, distinto dinamizador da Freguesia,
Exmºs Senhores Convidados,
Prezados Amigos e Amigas, Prezados Conterrâneos,
Senhora Autora do livro "Olhares de Saudade" em parceria com o escritor João Furtado.

Estou hoje em Abrã, onde nasci e vivi até aos dez anos, onde me baptizei, fiz o percurso da Escola Primária e, mais tarde, casei na Igreja de Abrâ, onde em 21/12/1639, o Padre Frei António Cabral, Prior de Alcanede, celebrou a 1ª missa.
Este livro, "Olhares de Saudade", que tenho o privilégio de apresentar na Sede da Junta de Freguesia de Abrâ, é um livro de memórias saudosas de Cabo Verde e de Canal (Abrâ), onde nasceu a escritora Arlete Piedade.
Canal é um lugar que conheço, e ainda recordo o dia em que fui á sua festa anual em honra de São Silvestre.
A antiga hermida que ainda existe, reconstruída por iniciativa do Sr. Padre Pereira há poucos anos r conhecida pelos povos circunvizinhos pelas festas características realizadas nos dias 31 de Dezembro, 1, 2 e 3 de Janeiro, onde iam os criadores de gado ovino, caprino, bovino e muar, com os seus animais, que davam uma série de voltas á Capela, cumprindo promessas feitas, ou pedidos de novas ajudas, a São Silvestre.
Os donos dos rebanhos, cumprido o ritual, deixavam as suas esmolas na Capela, como agradecimento ao Santo da sua devoção.
Esta tradição tão antiga e singular, acabou, como acabaram muitas tradições do bom Povo Português.
Presentemente o lugar de Canal perdeu muito da sua população activa e os seus habitantes trabalham na agricultura (referência aos mais idosos), outras pessoas dedicam-se ao comércio, ou aos negócios e á floricultura.
Muito conhecida é a Casa das Antiguidades e Velharias, que ocupa um grande espaço dentro da povoação.
De referir que nesta casa estão expostas para venda, peças de grande qualidade.
A freguesia de Abrâ (a palavra árabe Abâra, depois Abrâa significa entrada, caminho, porto), é composta de Abrâ Grandee Abrâ Pequena e abrange os lugares de Amiais de Cima, Coutada, Canal, Cortiçal e Vale Florido.
Em 1810 as tropas comandadas pelo General Massena (3ª Invasão Francesa) passaram por Amiais de Cima, tend os seus habitantes escondido cruzes de prata, pertencentes á antiga Capela da Santíssima Trindade, para se evitar um possível desvio.
Também as tropas de Massena passaram pelo Canal, fazendo muitos estragos, como na Pocariça, onde destruíram completamente uma azenha.
Pelos lugares de Cortiçal e Vale Florido passaram as tropas do nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques, em 1147, que iam conquistar Santarém aos Mouros.
Essas tropas ficaram uma noite no sítio designado por "Os CARREIRINHOS" a fim de, na madrugada imediata, poderem cortas as madeiras nos Catarinos, para confecção das escadas destinadas ao escalamento das muralhas do Castelo de Santarém.
De referir, que as ditas tropas, comandadas por Mem Ramires, só souberam o seu verdadeiro destino quando chegaram a Pernes.(Ebráas).
(Notas do professor Albertino Barata)
Saliento que o Cabeço da Guarita, em AbrÃ, oferece-nos um panorama soberbo, avistando-se de lá 14 concelhos. Acredita-se que num local entre Abrà e Amiais de Cima, num vale com o nome de "Outeiro do Moinho", teria existido uma povoação desaparecida há séculos.
Acredita-se também que num sítio chamado "Capelas", D. Afonso Henriques teria planeado construir um castelo. No século XVII fpo desterrado um poderoso fidalgo que vivia na Corte, para o lugar ermo (na altura) de Coutada, onde viveu isolado, constituiu família e morreu.
Da casa senhorial onde habitou com sua numerosa família, nada resta, (culpa do vandalismo) acontecendo o mesmo (causa de incêndio) a uma casa muito próxima, mais modesta, onde viveu um frade, possivelmente companheiro de exílio do referido fidalgo.
Como curiosidade, acrescento que há ainda hoje, muitos descendentes desta misteriosa figura, de quem tão pouco se sabe.
Abrà teve as suas primeiras casas no local, chamado Sôjo do Vale.

Referência ao arquipélago de Cabo Verde (homenagem ao Escritor João Furtado).
Em 1400 Diogo Gomes e António de Nola haviam chegado á Ilha de São Tiago em Cabo Verde.
Em 1470 foram descobertas as ilhas de Corisco, Ano Bom e S. Tomé e Príncípe.
Para o povoamento de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, D. João II, O Príncipe Perfeito, tencionava prosseguir a política que havia seguido nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, que foi esta: - Doar as ilhas a quem as povoasse e cultivasse, mediante o pagamento de direitos aos Reis e Príncipes Portugueses, considerados seus proprietários.
Devemos dizer que não foi fácil a adaptação do Europeu naquelas paragens, sendo a mão de obra importada de África.
D. João II fez a doação ao Duque de Beja (depois Rei D. Manuel I, O Venturoso), das Ilhas de Cabo Verde, sendo o arquipélago designado por "Ilhas de Santiago", composto pelas seguintes ilhas: Santiago, São Filipe (actual Fogo), Ilha das Maias (Maio) Ilha de São Cristovão (Boavista), Ilha do Sal, Ilha Brava, São Nicolau, São Vicente, Rasa, Branca, Santa Luzia e Santo António (Santo Antão).
A falta de chuva tem sido um mal para Cabo Verde mas as suas praias de sonho e a simpatia das suas gentes, continuam a atrair os turistas.
Eu tive oportunidade de conhecert e conviver com colegas caboverdianas que, tal como eu, estudavam em Lisboa. Os Caboverdeanos prezam a Cultura, como bem precioso e amam a sua terra, estejam longe ou perto.
Personalidades notáveis de Cabo Verde:
- Dr. Vasco da Gama Fernandes.
Ilustre Advogado, com um percurso de vida invulgar, nascido em 1908 em S. Vicente (Cabo Verde) e falecido em Lisboa em 1191.
Foi aluno do Liceu Passos Manuel em Lisboa, e da Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa onde se licenciou.
Destacado Político, grande Democrata, viveu na cidade de Leiria, onde exerceu brilhantemente a Advocacia, mas em 1971 transferiu-se para Lisboa.
Foi deputado á Assembleia Constituinte de que foi Vice Presidente e depois, reeleito Deputado, foi o 1º Presidente da Assembleia da República.
- Cesária Évora
Uma Cantora Caboverdeana, uma extraordinária Mulher, que nos encantou com a sua voz maravilhosa.
Foi sem dúvida, uma Embaixadora do seu País.
Cabo Verde, terra de notáveis figuras da Cultura, foi uma terra de muitos emigrantes no século passado.
A sua terra de preferência era Lisboa e arredores (Amadora), onde trabalhavam arduamente na construção civil, em oficinas, etc.
As circunstâncias das suas vidas difíceis, levavam-nos a sair das suas terras, deixando muitos deles, as suas famílias, com grande angústia e sofrimento.
As saudades eram as suas companheiras permanentes.
Este livro, "Olhares de Saudade", é o espelho de dramas familiares, de encontros e desencontros, de sucessos e insucessos, mas também um hino de amor, de solidariedade, de trabalho, de esperança e de vivências alegres e tristes, próprias de todos os seres humanos.
Considero que as principais figuras deste livro são os primos Jeremias e Geremias, os seus familiares e amigos, com as suas tradições, os seus costumes e as suas festas.
O Canal, simples lugar, onde as crianças tinham que andar a pé para frequentarem a Escola de Abrã, tem uma personagem central, a Isabelinha, uma vítima de preconceitos próprios da época, em que viveu.
Seus pais representam também, a época em que adquirir Cultura, era um bem só para alguns.
Estão de parabéns, os Escritores Arlete Piedade e João Furtado, pelo livro que nos puseram nas mãos.
Estão de parabéns a Junta de Freguesia de Abrã e todos os seus membros. Nós estamos todos de parabéns.
Aproveito para cumprimentar os presentes, e todos os habitantes da Freguesia, bem como o Grupo de Dadores Benévolos de Sangue, os seus beneméritos Fundadores, os seus anteriores Presidentes e a actual Presidente.
Lembro hoje todos os antigos professores já falecidos, que tanto prestigiaram Abrã - Joaquim Ferreira Pinto (1º Professor), Manuel Joaquim Montez, Amélia Duarte Montez e Albertino Henriques Barata.
Tive o privilégio de conhecer a Senhora Dona Amélia Duarte Montez, modelo de educadora e de Mãe exemplar. Todos repousam, no cemitério de Abrã.
Cumprimento os actuais Professores e Educadores de Infância, assim como as suas colaboradoras.
Cumprimento, igualmente, os Senhores Empresários da Freguesia de Abrã, que pela sua coragem e determinação, mantêm as suas empresas, dando trabalho a muitos trabalhadores, a quem também cumprimento. Destaco entre todos os empresários, a acção do Sr. Comendador Joaquim Louro.
Registo o progesso industrial de Amiais de Cima, que é exemplar e digno de ser conhecido e reconhecido.
Cumprimento todos os membros da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva na pessoa do seu Presidente.
Cumprimento o Sr. Padre Pereira, todos os seus paroquianos, que dignificam a Igreja e também as Irmãs Concepcionistas, pela sua honrosa actividade.
Cumprimento todos os beneméritos de Abrã, na pessoa do Senhor Valentim Leal Pereira.
Cumprimento todas as pessoas que frequentam o Centro de Dia, ocupando os seus tempos livres de forma saudável.
Cumprimento o grupo "Cantares de Abrã, o seu ensaiador e músicos, que quiseram abrilhantar este dia festivo.
Enalteço a boa vontade de todos e agradeço também a todos, na pessoa da D. Fernanda Ferreira.
Finalmente felicito calorosamente a autora do livro "Olhares de Saudade", não esquecendo o Autor João Furtado que, pela distância, não pode estar entre nós, facto que lamentamos.
Maria Fernanda Barata
Abrã, 10/03/2013"

De referir que no final da apresentação e da actuação do grupo musical, teve lugar o lanche fornecido entre todos os intervenientes, e o Porto de Honra. A todos o meu enorme OBRIGADA, em meu nome e de João Furtado.

Arlete Piedade


sábado, março 16, 2013

SANTARÉM, ORGULHO DE PORTUGAL

Eu te evoco, nobre dama
debruçada sobre o Tejo,
chega longe a tua fama,
capital do Ribatejo!

Foste conquistada aos mouros,
em noite sempre lembrada,
Agora és terra dos touros,
do campino e da tourada !

Lezírias doam generosas,
vinho, fruta, vegetais,
nobres senhoras, caridosas,
acolhem crianças sem pais!

Em pedra, teus monumentos,
livros do gótico, herdados,
são os melhores documentos,
em teu seio, resguardados!

Berço do Infante Santo,
túmulo de Álvares Cabral,
dos visitantes, espanto!
És o orgulho, de Portugal!

Arlete Piedade

quinta-feira, março 07, 2013

DIA MUNDIAL DA MULHER


D ás o corpo para criar vida
I ndiferente á dor sentida
A mor incondicional és!

M enina, o início de tudo
U mbral da juventude
N amoro vem a seguir
D ás o passo seguinte
I nterior de teu corpo
A lguém a ser gerado
L ugar de vida e futuro!

D ás sempre tua parte
A vançando nesse rumo!

M ãe, menina e moça
U ma força da natureza
L egado foste de Eva
H oje, e no futuro
E m todos os milénios
R ochedo da vida, és MULHER!

Arlete Piedade

08 DE MARÇO DE 2013

sexta-feira, março 01, 2013

UM ANJO NA MINHA VIDA



Hoje preciso te dizer tudo que despertaste
em meu coração,quando na minha vida,aportaste:

- Não sei se gosto mais do teu sorriso fascinante,
se do teu sereno olhar e da luz do teu semblante,
se do teu cabelo de fios de neve já orvalhado,
se do teu pensamento tão puro e idealizado...

Não sei se gosto mais da tua mente tão positiva,
dos ensinamentos que me transmites sobre a vida,
não sei se é amizade que sinto, ou uma doce afeição
um terno carinho ou uma imensa satisfação!

- Sei que ando fascinada, não penso em mais nada,
sei que estás longe e tens a tua própria vida,
com as pessoas que amas e nela têm guarida...
És como um Anjo que descesse ao meu caminho,
para me proteger, guardar e cuidar com carinho!

Pois eu andava á beira da depressão e tão perdida...
só o que aspiro e peço com toda a humilde devoção,
é que me concedas a graça da tua eterna amizade,
e que a distância, não se transforme em saudade,
sinto que és um ser, que Jesus por Seu divino amor,
enviou para na vida que resta, me encaminhar
e de todos os pecados, poder ainda me perdoar!


Arlete Piedade

domingo, fevereiro 17, 2013

MENSAGEIRO DA ESPERANÇA


Afastei-me de Jesus, por ínvios caminhos
julgando-me indigna de Seu divino amor!
Desprezei o santo dom da vida, os carinhos
de quem me ama! - Preferindo mágoa e rancor!

O filho do Criador, mandou mensageiros
tentou de várias formas, chamar-me á razão!
Amigos, amores, rivais e companheiros:
A todos repeli, por teimosa obsessão!

Um a um por várias causas, foram partindo
na maré da vida, morte, doença, até...
ou pelo meu menosprezo e desconfiança...

Mas Jesus não desistiu. - E foi persistindo,
para eu aprender com dor! - Renovou minha fé,
enviou-me o seu Mensageiro da Esperança!

Arlete Piedade

sábado, fevereiro 09, 2013

UM DIA NOVO, CADA MANHÃ


Como não celebrar a vida, mesmo que o coração enfraquecido bata tão devagarinho e os pés tenham que tactear para descer as escadas do primeiro andar?
Como não querer viver, se por dentro dos vidros da janela do rés-do-chão em frente, um fofo gato preto e branco, espreita quem passa, qual almofada animada que por vezes se aninha dormitando ao sol?
Como não sentir a alegria da vida, quando na rua, passa um menino que acena rindo em direcção á janela do primeiro andar, onde o homem idoso espera por ele, para lhe dizer bom dia?
E diz-me ele: " Não havia aí um pássaro, que canta? Ele é meu? Ele canta para mim?" - Sim, é o seu canário, ali na marquise. Está a cantar, está contente.
E acrescenta espreitando o terraço que se estende nas traseiras do primeiro andar com uma arrecadação ao fundo: " Aquilo ali ao fundo também é meu? E as árvores, com aqueles frutos, que abanam ali do lado? "
Pacientemente respondo pela décima vez: Sim, é a sua arrecadação onde tem o seu escritório e os seus livros. É sua, e o terraço também. Até aquela parede branca. Do lado de lá é o quintal da vizinha, com a laranjeira e as laranjas.
As árvores abanam ao vento forte deste inverno. Mas ele quer saber porque abanam, como um menino que descobre o mundo. - É o vento que sopra e faz as árvores abanar - Explico pela décima vez. Ele ri deliciado com o mundo que redescobre todos os dias.
Senta-se á mesa da sala em frente da televisão. Olha em volta e espreita para a cozinha ao lado. Aponta: " E ali? Que é aquilo? Também é meu?"
- Sim - Respondo com voz calma - São os armários da cozinha. E também são seus. E a cozinha também.
- "E que tem lá dentro?"
Aproximo-me das portas que abro e vou explicando e mostrando: Aqui tem os pratos para comer a sopa. Aqui tem os copos para beber a água. Aqui tem as taças para a fruta. É tudo seu!
Ele ri encantado por descobrir-se dono de tantas coisas, quando eu aponto a sala, a televisão e todas as coisas e lhe volto a afirmar que é tudo dele, ali dentro. A excepção é apenas o quintal da vizinha, onde as árvores de ramos nus abanam ao vento. Nem todas, pois a laranjeira tem folhas verdes escuras brihantes e bolas coloridas que abanam também ao vento. São as laranjas, volto a explicar.
- E ali dentro, aquelas pessoas, estão mesmo lá? - Ele aponta a televisão.
Agora as explicações, vão ser mais demoradas. Mas frase a frase, ele lá vai entendendo que as pessoas estão na televisão em Lisboa ou no Porto, estão mesmo lá a mostrar aquelas coisas, a falar com aquelas pessoas, a cantar, ou a andar por Portugal, para mostrar a todos como é o nosso país.
Recordado como é o mundo á volta, o local onde vive, e as pessoas que o rodeiam, sossega enfim em frente á televisão, aconchegado no ambiente aquecido, enquanto eu tento inventar uma receita nova todos os dias, para o almoço, para ainda lhe apetecer comer.
É o dia a dia de um doente de Alzheimeir, que se sente feliz só por ter um terraço para olhar do outro lado da vidraça, com gatos nas janelas, com árvores que abanam ao vento, com laranjeiras e meninos a passar na rua acenando sorridentes!

Arlete Piedade

sábado, fevereiro 02, 2013

CABO VERDE PARA FRENTE


CABO VERDE PARA A FRENTE

 

C             Carrega Cabo Verde para a frente

A             Arrasa e mostra a tua raça

B             Bola para a baliza contrária e marca

O             O teu povo nobre merece esta alegria!

 

 

V             Vamos mostrar e vencer no futebol

E              E dizer ao Mundo que tanto na musica como no desporto

R             Riquezas não nos faltam, temos ouro e prata

D             Diamante e petróleo e muito mais e mais

E              Em cada homem e mulher nossos estão as nossas riquezas!

 

João Furtado

Em Lisboa, 02 de Fevereiro de 2012

terça-feira, janeiro 29, 2013

ANJOS











A Humanidade nesta época de transição
anda tão confusa, perdida e transviada...
pelo mundo são demasiados os sinais!
Entre famílias, assassina-se por paixão
mãe envenena os filhos, desesperada
de preferência a entregá-los aos pais!

Esposo dispara contra a mulher amada
louco de ciúmes, incapaz de controlar,
desvairado, põe termo á própria vida!
Neto viola avó indefesa á sua guarda.
Mata-se por palpite, só por desconfiar.
Família outrora feliz, é assim destruída!

Ladrões violentos assaltam por prazer
idosos, grávidas, não lhe vai importar...
a vida humana, parece já não ter valor!
Os fetos indefesos nem podem nascer
no ventre materno, os vão assassinar...
neste planeta parece só haver horror!

No Céu, olhando a Terra, Nosso Criador
viu que mais guardas eram necessários
para seus filhos desprotegidos cuidar!
Resolveu pôr anúncios por nosso amor
abriu vagas no céu, de trabalhos vários
e assim as hostes de Anjos reforçar!

Uma legião de anjos louros então voou
deixando suas vidas em flor, por viver
ao apelo do Céu, acudindo sem hesitar!
a todos o Criador, acolheu e abençoou
distribuiu missões e os mandou descer...
para os irmãos sofredores irem guardar!

Arlete Piedade

Homenagem ás vítimas do incêndio em Santa Maria - RS Brasil.

HOMENAGEM DE MARIA DA FONSECA A DENISE SEVERGNINI

Parte de minha alma se despediu
Evolando-se, ao ascender ao céu
Em união co'a tua alma que partiu
Tão cedo deste mundo onde viveu.

O que resta e um dia partirá,
Buscará suas lágrimas vertidas,
Seca e desgastada então estará
Do passar do tempo e dores sofridas.

Terna, tua alma doou amizade.
Zelosa, junto ao Senhor se acalma,
E a minha amparará com piedade.

No mundo deixaste a maior saudade.
Senhor Deus, dai a paz a nossas almas
Para O louvar por toda a Eternidade.


29 de Janeiro de 2013

Lisboa/Portugal

Maria da Fonseca

sexta-feira, janeiro 25, 2013

GEREMIAS

GEREMIAS

G Gesto pequeno e seguro
E E grande passo para o futuro
R Riqueza da vida ouro puro
E Escalaste hoje e saltaste hoje um muro
M Muito pertinente e muito certeiro
I Isto merece, meu rapaz, a comemoração
A Agora é caminhar na verdade e na razão
S Sem medo de tropeçar e com alma e coração!

João Furtado
Praia, 25 de Janeiro de 2013

quarta-feira, janeiro 23, 2013

NOVA ERA - DUETO ARLETE PIEDADE E SÉRGIO ANTÓNIO MENEGHETTI

Nova Era

Nesta nova era que se inicia
no meio de tumultos e dores
queria poder dizer amenidades
... queria poder entoar hinos de louvor
queria celebrar a alegria e o amor...
mas os resultados da passagem
estão envoltos em turbilhões
em dores e mágoas da mudança
que a todos atormenta e espanta...
precisamos de ter calma e esperança
enfrentar com coragem o caminho
pois no fim dele, está o arco-íris
da renovada e eterna aliança!
Mas nem todos irão chegar e ver
só os de coração forte e terno
os de alma cheia de fé e compaixão
os que não se importem com o poder
do dinheiro e das coisas materiais
mas sim com a ternura, a amizade
e a compaixão pelos seus iguais!

Arlete Piedade

Nesta Nova Era que se inicia
Mesmo que tenha tumulto e dores
Falarei de amenidades, sinônimo de felicidade.
Entoarei hinos de louvores, à senhoras e aos senhores.
Quero celebrar a alegria e o amor
Não importa os resultados desta passagem
Mesmo com o turbilhão vou me ancorar no Criador
Aprenderei com as mágoas e dores da mudança
Aos outros elas atormentam e espantam
Mas Eu tenho calma e esperança.
Vamos enfrentar com coragem o caminho
Tem as cores do arco-íris, mas também tem seus espinhos.
Manter a eterna aliança com a criação
Porem este momento, nem todos enxergarão.
Somente quem tem devotamento em seu coração
Para as almas de fé e compaixão
Que trabalham com sabedoria o poder
Que o escopo não seja o dinheiro ou a matéria
Que sublimem a ternura e a amizade nesta Terra
Este é o novo recomeço; esta é a Nova Era.

Sergio Antonio Meneghetti 22/01/2013

terça-feira, janeiro 22, 2013

ENTREVISTA COM RACHEL OMENA DO BLOG CRISTAL DE UMA MULHER



Rachel Rocha Omena é escritora, natural de Maceió, estado de Alagoas no Nordeste brasileiro, onde reside. Mantém um blog na Internet, muito visitado, comentado e divulgado, que pode ser visto em: http://rachelrochaomena.blogspot.com/

Quem é Rachel Omena , por ela própria:

- Serei eu verdadeiramente uma Poetisa? Desde que me lembro sempre senti a leveza da poesia a latejar dentro de mim,e por volta dos 15 anos comecei a escrevê-la. Nao faço nem forço, creio que a poesia me acontece, eu fico só esperando... e a cada dia de Sol que dorme e acorda fico esperando aquele poema cativo algures num pedaço rendado sem tempo... a Poesia não se faz: Acontece! Sou uma mulher presa a doce brisa de viver despertando a noite silenciosa e inquieta que baila nos cenários dos astros e escondendo a vida no seio das estrelas Sou verso que abriga o vento aroma da mais pura água raiz de resina fresca luz da campina matinal Sou sol e sangue amor e morte poesia infinita que irradia relíquia que aquece e respira corpo selvagem da natureza luz e chama da terra dentro e fora de um deserto Sou a paixão sou música vestido de renda Sou oceano que cheira a flor de laranjeira Construindo monumentos de um reino sereno.

A autora prepara entretanto o lançamento do seu livro de poesias Cristal de Uma Mulher.

LIVRO CRISTAL DE UMA MULHER - PROLOGO

Afortunados são os que tem a capacidade de escrever poesias e fazer disto seu outro ofÍcio, e também são aqueles que o lêem e constroem um refúgio onde refrescam seu espírito com a bebida gratificante de palavras e sentimentos, que eleva seu espírito até um céu limpo de nuvens onde só brilha a luz de sua inspiração.

Uma obra de arte é boa se há nascido ao impulso de uma íntima necessidade.

Precisamente neste seu modo de engendrar-se radica e estriba o valor da poesia, porque explora as profundidades de onde mana a vida. Ali radica a história da beleza e da poesia, a que coabita em o humano e para o humano, a que vá escrevendo paralelamente a história da humanidade, e neste ordenamento perfeito do caos que antecede a beleza e se concebe a grandiosa poesia.

Muitas vezes me perguntei em meio destes desvelos que me perseguem e que me anuncia a aparição da palavra. Que misteriosos meios, que sopros desconhecidos e germinais movem a este grupo de pessoas a resgatar ”tempo do tempo” para acudir, inverno e verão, embaixo da chuva persistente ou um sol que transpassa, a cumprir com uma missão irredutível de escrever poesia.

É muito difícil dar uma opinião sobre o proveito da poesia individualmente; depende de fatores particulares do poeta. Pode ser a concreção de uma necessidade essencial, uma maneira de ver e mostrar o mundo,uma maneira de sentir junto com outros. Do que vou fazer fazendo este prólogo deste trabalho solitário, silencioso e inspiradora que realiza a escritora brasileira Rachel Rocha Omena (Maceió – Alagoas). Recebedora deste portentoso mistério, onde recolhe a beleza que sente seu espírito, traslada a palavras com sua máxima expressão, e que hoje nos apresenta este livro que titulou “ O cristal de uma mulher “ . Em cada um de seus poemas nos demonstra que a poesia é como a água que sustenta a terra. Porque atrás da palavra está o sopro poético, é a sombra invisível que forma a arquitetura, das paisagens interiores do homem, que constitui a verdadeira essência do ser, que se cobre e dialoga dentro de nós mesmos.
A poesia é a instauração do ser com a palavra. Exatamente é assim. O cristal de uma mulher se transforma e se converte em beleza . Nos eleva ao universo que para a escritora é como uma infinita galeria de arte , de pequenas e grandes obras maestras que sustentam o frágil e as vezes o miserável espectro de nossas realidades. Sente em cada verso a necessidade de ligar e conciliar o mundo com o universo onde habita a harmonia como pedra angular da beleza . Levando a poeta a estabelecer seu mundo desde onde inicia a construção de seu próprio edifício para abrir a janela das escuridões para a luz, a elevação do cotidiano as comarcas da beleza, assim, a chuva sobre o jardim, o cantar dos insetos nas noites, a espuma e o cheiro do mar ao romper na praia , o aroma do pão ao ser cozido, o homem urbano e seus fantasmas diários, o amor, a ternura, a alegria, todas as pequenas e grandes coisas que fazem uma alma ir repetível poético.

Rachel Rocha Omena é uma das escritoras mais peculiares da nova literatura de Alagoas. De versos amatórios vibrantes por seu romantismo e por sua perpetua forma de amar. Leve como suspensa no tempo, os textos e a paisagem narrativo do amor que nos transmite laboriosa a cultura das palavras, nos produz o encanto e a serenidade que somente emerge de uma constante harmonia interior.

Há uma linguagem plena de desfrutes do carinho, da generosidade de compartilhar sentimentos , que faz que aflore em cada um dos leitores sentimentos e emoções que voam como uma pluma para os profundos e misteriosos filtros do amor. Esta é a ação e reação alquímica que produz fascinação e fará que nos cerque como espectadores a seu poema a cada momento.

O mérito a sua poesia é como se saíram cristais de sua boca. Palavras de cristais, que encandeiam e encantam e caem no resplendor da memória do leitor. Tem uma trajetória poética pela precocidade e a intensividade e que vence assim a diáspora do tempo nesta terra que há deixado a seus cantores da palavra.

Sua melhor qualidade reside em ser o centro mesmo da claridade e as inspirações do homem, de seu abismo e de seus sonhos mais altos.


Rachel Omena


"ENTREVISTA AO RÁDIO E JORNAL RAIZONLINE


Arlete Piedade (AP): - Continuando a divulgação de valores da cultura em língua portuguesa, convidámos há algum tempo, Rachel Omena, para publicar os seus poemas no nosso jornal e também para numa entrevista, divulgar a sua poesia e obra. Assim voltando a dar as boas vindas a Rachel á equipa da Raizonline, vamos começar por lhe pedir que nos fale das suas origens, sua infância e juventude, bem como de sua cidade e sua família, para a ficarmos a conhecer melhor, bem como os locais paradísiacos onde decorre a sua vida.

Rachel Omena(RO): - Arlete,para mim é uma grande alegria está participando do Raizonline. Nasci em Maceió, Alagoas. Adoro este paraíso tropical. Filha de mãe alagoana e pai holandês. Tenho três filhos maravilhosos do qual me orgulho .
Minha infância foi muito feliz com meus pais e irmãos, conhecendo assim a paz e a tranqüilidade de um lar perfeito. E minha juventude foi muito bonita pois sempre fui uma pessoa sonhadora e motivada de bons costumes e tradições.

AP: - Então agora será a vez de lhe pedirmos para nos falar da sua vida profissional e de como se iniciou na literatura e na arte em geral, pois sei que também já fez teatro. Pode contar aos nossos ouvintes e leitores, essa sua experiência teatral e como começou a escrever poesia?

R.O.: - Querida Arlete. Sou empresaria, do ramo da confecção. Desde muito cedo ainda criança eu gostava da pintura e depois dela comecei a escrever com os mais belos de meus sentimentos, o amor.

A primeira foi endereçada a meu pai com a sua morte,porque dentro destas letras estavam a dor o sentimento de perda e do meu amor de uma filha.

Sobre o teatro eu comecei no colégio e sempre gostei. Um dia fui chamada para fazer um papel importante no teatro aqui da capital. Com a peça,Terra Maldita onde tive muitos aplausos. Mas,como nesta época éramos minoria nada andou para frente. Hoje já temos mais cultura aqui em Alagoas. A poesia está em meu sangue ou melhor em minha alma pois tudo gira em torno das letras como figuração de verdades e imaginações fertilizadas pela essência da criação de cada uma.

AP: - Diz na sua biografia acima que " a poesia não se faz...acontece..." opinião que subscrevo inteiramente. Mas então explique melhor aos nossos ouvintes, como acontece a poesia na sua vida, em que momentos sente esse apelo, e como a passa para o papel, ou para o ecran do seu computador.

R.O.: - Olha amada, de repente eu começo a escrever dentro mesmo da postagem do blog ,daí vou criando o que estou vivendo e ferindo o desamor, pulsando o amor muitas vezes com um pouco de erotismo e sensualidade. Mas, tudo caminha para um parâmetro de um amor verdadeiro porque eu acredito nele.

AP: - Lendo a sua poesia, apercebemo-nos da sua sensualidade que transmite inteiramente para os seus poemas. Qual a recetividade dos seus leitores a esse modo de sentir a poesia e expor as suas mais intimas emoções e sensações de mulher?

R.O.: - Gostei desta pergunta. Olha! Sensualidade é que não falta dentro de uma mulher sonhadora e romântica com eu. Sou mulher e gosto de ser ativa e amada .Assim sendo consigo o delírio de homens e mulheres dentro de minhas letras que sonham estar desfrutando da essência de seu movimento.

Também gostaria de frisar que não que eu seja contra a ideologia dos leitores mais eu sempre quando entro em matéria do sexo e de sua sensualidade eu busco o entendimento para dentro do casamento e não para casos de amor.

AP: - Sei que está a preparar o lançamento de um livro de poesias. Pode falar-nos um pouco dessa obra, se já publicou antes, e que objetivos espera alcançar com a sua publicação.

R.O.: - O Cristal de uma Mulher está preparado para lançamento e em breve será publicado para os amigos, e quem sabe a sorte me alcance e eu poderei escrever um outro livro logo depois com todas as criatividades em pensamentos dentro de relatos da história de minha vida. Não penso em vender a minha obra mais se isto acontecer por um acaso eu ficarei lisonjeada.

A.P.: Fale-nos agora um pouco do seu blog Cristal de Uma Mulher, que pelo que vi, é bastante visitado, comentado e tem mais de 800 seguidores. Quando o abriu, qual tem sido a recetividade do mesmo, e como faz a sua promoção e divulgação.

R.O.:- Cristal de uma Mulher foi e será sempre minha obra particular entre mim e o meu público que admira minhas criações e seus detalhes.

Este blog foi criado numa fase muito solitária de minha vida,onde eu caminhava meus passos incertos , sonhos perdidos e de muita melancolia..Ali eu comecei a viver uma vida em letras onde eu não a via como tão importante mais, que a cada escrita eu buscava dentro de mim mesma a possível volta a meus sonhos de amor e de vida.
Hoje sou conhecida internacionalmente e posso te dizer que a minha alegria é tamanha. Tenho comentários que brilham em meus olhos e que me dão forças para continuar e ser melhor a cada dia. Não só para mim mesma para alimentar pessoas que necessitam assim como eu necessitei de recomeçar uma nova vida. Hoje eu sou feliz encontrei a verdadeira alegria de viver.
Olha te falo que não divulgo meu trabalho mais deixo fluir a todos que buscam uma boa literatura.

A.P.:- Acha que é suficiente para a divulgação das suas obras na Internet estar presente com um Blog, ou outras ações, nomeadamente publicação em sites culturais como o nosso, e divulgação em redes sociais, será também fundamental?

R.O.:- Olha um escritor além de ser sonhador sonha com a sua criação caminhando muito além das estrelas. Logicamente queremos ser reconhecidos entre tudo, mais que possível possa chegar e agradar.

A.P.: - Então agora tem a oportunidade de fazer parte dos nossos autores e colaboradores, aqui no Portal Raizonline, nomeadamente publicando no nosso jornal, mas poderá também contar aos nossos ouvintes e leitores,em que outros locais está também a publicar e se tem mais blogs na Internet dos quais queira também falar.

R.O.: - Amiga, sim eu tenho outros blogs como: Mulher, O coração de uma Mulher, perfume de uma Mulher e um blog de literatura universal onde eu fiz para quem busca na internet grande autores de livros e poesias .Mas, tenho um blog muito importante para mim, que pode não ser bom para outras pessoas. É polêmico porém de uma verdade que muitos não querem ver nem saber. Deixo a direção para aqueles que gostam da verdade.
http://missoesparaomundodehoje.blogspot.com/

AP.: - Concluimos aqui esta entrevista, em que apresentamos aos nossos ouvintes uma das mais recentes colaboradoras do Jornal Raizonline, convidando Rachel a deixar uma mensagem a todos que se iniciem agora na escrita e na cultura em geral, sejam protagonistas ou divulgadores como nós.

RO.:- Nunca desista de seus sonhos e olhe sempre com os olhos do coração para que a alegria reine dentro de cada um.

A.P. - Muito grata querida Rachel, por esta oportunidade de a conhecermos um pouco melhor e a divulgarmos. Desejamos o mais sucesso para o seu livro e carreira literária.

Entrevista conduzida por Arlete Piedade


Uma poesia de Rachel Omena:

Quero-te, intermitentemente...

Na ausência; substituem-se alucinações pela ânsia em tê-lo por perto; imagina-se para o existente e inventam-se meios de palpá-lo; a dor é a criação de maneiras de sobreviver à ausência...
Saio por aí, a sua procura...
Onde estarás? Nos corais de cores sortidas
Mares adentram uma obscuridade infinita...
Mostram um pouco apenas... Sua respiração...
Afogo-me em seus curtos segredos
Todos... Muitos... Alguns...
Segredo alado... Faz-me algoz trovador
Infância minha, desenho-te nos contornos das árvores
Teu nome, divindade que traduz a fé no metafísico
O misticismo da gravura, desenho meu
Refletindo no lago dos seus olhos
O mergulho com golfinhos inocentes
Trazem-te nos braços; nadadeiras enfeitiçadas
Depositam-te em um sopro dentro de mim...
Sou tua... És meu...
Olho os passos sujos de areia deixados no mar
Alegria finda das marcas de tatuagens – beijos seus
Atalhos presenteados que me levam a ti, amado,
Falando-te baixinho, em um desabafo...
...Amo-te...
Mente tagarela
Não cansa de recitar declarações de amor
Versos na lembrança...
És real, enfático... Estudarei religiosamente
A tua amadologia, quem sabe assim...
Detenho-te em meus espaços vazios
Temperando teu âmago a meu gosto
Beijos; abraços e arranhões...
E se assim não for... Não há problemas,
Quero-te a qualquer custo...
Prender-te-ei em uma garrafa de cristal.
Pensamento parideiro; chocadeiro; Inventa-te!
Faz-me sonhar com o abraço correspondido...
A voz doce... Quase virgem
Traga-me em teus pulmões bentos
E lá deixarei meu manual de instrução
E assim, de repente... Gosto de chocolate...
Lentamente...
Respira-me...
Infiltra-me...
Faz-me cativa
Quem sabe... Ser teu lar... Tua família...
Teu órgão adotivo...
Parte de ti.

A seguir pode ver a cidade da autora, uma das mais bonitas do Nordeste brasileiro, com as suas belas praias, neste vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=i9P5TaBdVts

Esta entrevista está publicada no Jornal Raizonline e pode ser lida, aqui:
http://www.raizonline.net/centoequarentaeum/quarentaeoito.htm

Para escutar a gravação do programa na Rádio Raizonline, aceder aqui:


ou copie e cole na barra do seu browser:
http://saudedomicilio.blogspot.pt/2011/10/gravacao-da-entrevista-rachel-omena.html