domingo, dezembro 28, 2014

HOSSANA - TRIVIOLETRA COMPARTILHADO

Para melhor conhecer os trivioletras vâ a: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4147859

NATAL DE ANTIGAMENTE



NATAL DE ANTIGAMENTE

N a saudosa infância
L A atrás no passado
Era T empo festejado
Mãe A massando as filhós
á volta L areira de todos nós!

Fritura fin D ada
Salpicados d E açúcar

Eram depois s A boreados
De café acompa N hados
De cevada na cafe T eira
Família reunida beb I a!
No céu anjos davam  G raças
Constelações de estrel A s brilhavam
Hossana, hossana, o M enino nasceu!
Nas nossas cabeças E ntoavam
Coros de vozes a N gelicais
Após meia noi Te davam presentes
Cachecóis m E ias e dormíamos contentes!

Arlete Piedade 

PORTUGAL




O PÓNEI SPARK


3º LUGAR - CATEGORIA CONTO INFANTIL

Era uma aldeia perdida no alto de uma montanha num país longínquo no centro da Europa. Quando vinha o inverno, caía muita neve e os caminhos estreitos que contornavam a montanha, ficavam escorregadios para as crianças poderem descer para o vale para irem á escola.
Os pais tinham receio que elas caíssem e se ferissem gravemente, ou até morressem enterradas na neve, antes que alguém as conseguisse encontrar e socorrer, mas o grupo de cinco crianças, era tenaz e com muita vontade de aprender para puderem sair da aldeia e tentar uma vida melhor na vila ou, do outro lado do rio, na cidade grande.
Marina, era a mais velha das meninas com 10 anos. As gémeas Mónica e Sofia, vinham logo a seguir, com 8 anos. Os dois rapazes, eram os irmãos Santiago com 11 anos e Ruben, com 7 anos. Num dia muito frio e sem sol, uma semana antes do Natal, o grupo de crianças seguia em fila pelo estreito carreiro, Santiago á frente, seguido do Ruben, as gémeas a seguir e Marina atrás fechando a retaguarda, quando a neve começou a cair espessa e soprada pelo vento gelado. As crianças deram as mãos para se apoiarem, mas quando soprou uma rajada mais forte, Ruben, foi projetado contra a parede rochosa da montanha e escorregou, arrastando consigo Mónica que vinha atrás dele.
Santiago na tentativa de agarrar o irmão, foi precipitado no desfiladeiro, dando um grito estridente que fez eco por todo o vale. As crianças não perceberam o que ele gritou, exceto Marina que vinha atrás e tinha ficado de mão dada com Sofia, as duas tremendo e tiritando de choque e frio.
Por isso não souberam explicar aos pais, o que se tinha passado a seguir. Apenas diziam que tinham visto um cavalinho brilhante, de várias cores, que trotava rente ao caminho, com uma longa cauda esvoaçando ao vento e que mergulhou no desfiladeiro. Quando reapareceu, trazia Santiago montado na garupa, abraçando Ruben na sua frente e agarrada ás suas costas, a pequena Mónica. - Sou o pónei Spark – Eles escutaram a voz meiga, ressoando dentro das suas cabeças. - A partir de hoje, quando estiverem em dificuldades, chamem por mim, e virei para levá-los até ao vale.
Quando recuperaram do choque, a escola estava á vista, não havia sinais de neve e o sol brilhava. Por todo o lado, havia flores vistosas e erva tenrinha. Ao longe pareceu-lhe ver um pequeno cavalo que pastava e trotava feliz, por entre um arco-íris de cores coloridas e luminosas.

Arlete Piedade 

Portugal

2015 SEJA DE PAZ PARA O POVO DO PLANETA TERRA

2015 SEJA DE PAZ PARA O POVO DO PLANETA TERRA
Para todos um belo e Feliz Ano Novo
Com menos sofrimento para o povo
Deste planeta Azul de nome Terra

Que a PAZ ganhe e vença a guerra
Que a harmonia entre os homens o alvo
E que o pensamento seja perfeito e novo

É o ano 2015 que em força aparece

Que traga a alegre PAZ que tanto carece

João P. C. Furtado
Praia 28 de Dezembro de 2015

sábado, dezembro 27, 2014

POEMA INDRISO SEMEADOR DE ESTRELAS




Nesta vida terrena, semeaste estrelas
Fertilizaste, mondaste, tal o lavrador
De permuta, apenas desejavas amor!

Repousas em verdes prados celestiais,
Cercado de estrelas brilhantes, plurais
Mesmo que jamais, chegues a vê-las!

Espírito liberto, largaste cá a tua Cruz.

Imergiste finalmente, no Universo de Luz!

Arlete Piedade


O SONHO NA ILHA


A meio da travessia entre as duas margens daquele mar interior que banhava dois países distantes, o ferryboat começou a ter problemas com os motores, sem que nada o fizesse prever, pois o mar estava calmo, azul e liso como um espelho onde repassavam às vezes pequenas nuvens brancas, como flocos de algodão. Eu seguia sozinha, sem ninguém conhecido, entre estrangeiros que nem falavam a minha língua e fiquei apreensiva, esperando o desenrolar dos acontecimentos. E eles vieram numa mensagem transmitida pelo sistema de som, em que o comandante avisava em quatro línguas diferentes, para ficarmos calmos, e esperarmos ser conduzidos aos salva-vidas para abandonarmos o barco, pois enfrentavam uma grave avaria. A tragédia do navio Costa Concórdia, ainda estava viva na minha mente, fiquei assustada e procurei ficar próxima daquele simpático senhor que tinha metido conversa comigo, ainda no porto. Ele falava inglês, pelo menos eu percebia alguma coisa do que ele falava. Além disso, ele tinha dito que era um ex-oficial da marinha inglesa, na reforma, era uma boa aposta para me ajudar nesta situação complicada.
Fiz bem em me aproximar do cavalheiro inglês, ele ajudou-me a descer para o bote salva-vidas, em conjunto com outros passageiros, e daí a pouco começamos a ser resgatados por uma lancha de um navio que se avistava ao longe, carregado de contentores de mercadorias. Mas antes de chegar a nossa vez, a lancha já cheia, partiu deixando-nos sós.
Aparentemente o bote salva-vidas seguia agora á deriva na corrente, e em breve começamos a avistar acima da linha do horizonte, o que pareciam ser copas de palmeiras, depois as palmeiras completas que se iam aproximando, depois uma escarpa rochosa por onde escorria uma deslumbrante cascata para o mar. No cimo da falésia, parecia estar deitada uma linda mulher, com uma cabeleira tão comprida, brilhante e prateada que se confundia com os fios de água da cascata.
Mas devia ser uma ilusão de óptica, disse o meu companheiro, talvez uma montanha no interior da ilha, cujo perfil se assemelhava a um rosto de mulher de cabelos compridos. Impressionada concordei, pois nada mais podia fazer. O bote agora rodeava a ilha e acabou por encalhar na areia de uma pequena enseada. Saltámos para a água pouco profunda, que só nos chegava aos joelhos e avançámos até á praia de areias finas e douradas. O sol já descia no horizonte, quase a rasar o mar e os seus raios horizontais, deixavam uma estrada de luz dourada na água transparente e morna.
Procurámos um lugar para nos abrigarmos e passar a noite que se aproximava. Mas cansados, deixámo-nos cair na areia quente, e adormecemos nos braços um do outro, procurando proteção e aconchego. Era madrugada quando acordámos. A lua ia já a declinar no céu, em direção ao mar e o céu estava a começar a clarear. Estava frio, mas o calor dos nossos corpos aquecia-nos. Senti o seu hálito quente e abandonei-me ao beijo que se seguiu. Depois de satisfeitos os nossos corpos, voltámos a adormecer extenuados. O sol brilhava forte por cima de nós, quando acordámos com fome e sede. Ao longe ouvia-se uma canção dolente numa voz de mulher por cima do muralhar das ondas na areia. Olhámo-nos surpreendidos e maravilhados por termos companhia que nos pudesse socorrer. Levantámo-nos e de mão dada, dirigimo-nos para as palmeiras. Tudo iria acabar em bem! Estávamos apenas a sonhar! Em breve iríamos chegar ao nosso destino e tudo não passaria de uma doce recordação. Ou não seria sonho?


Arlete Piedade

OS PODERES DA BRUXA PINTORA

Brunhilda era filha de um grande feiticeiro que vivia num castelo no norte da Noruega e de uma bruxa romena, dos quais herdou os seus poderes. Ela cresceu no castelo enquanto a sua mãe viajava pela Europa, com uma troupe de circo, dando espetáculos em várias cidades. A menina sentia-se muito só, porque não tinha ninguém da sua idade para brincar e não ia á escola, porque o seu pai dizia que ela não precisava de aprender nada, que ele não lhe pudesse ensinar. Quando a pequena bruxinha, tinha cinco anos, a sua mãe voltou de uma grande digressão e ficou no castelo algum tempo a recuperar forças, para voltar a partir.
Mas o seu pai queria que ela ficasse com ele e fez um perigoso feitiço para prender a esposa, junto de si e da sua filha. Passaram-se dez anos, até que um dia ela desapareceu de novo e o feiticeiro, partiu á procura dela, esquecendo-se da filha, que ficou abandonada no castelo. Então Brunhilda, desesperada, percorreu todo o castelo, procurando alguém, até que no cimo da mais alta torre, encontrou uma sala com muitos objetos antigos, mas o que mais a fascinou, foi um quadro que ocupava a parede inteira em frente da porta.
Representava várias meninas, sentadas á volta de uma grande mesa, em redor de uma linda senhora, que parecia estar a ensiná-las a fazer desenhos e pinturas, nas folhas que cada uma tinha á frente. Brunhilda era já uma mocinha de quinze anos nessa altura, e os seus poderes manifestavam-se por vezes nas alturas mais inesperadas, quando ela desejava desesperadamente alguma coisa, como agora. Ela olhava fixamente o quadro, imaginando estar entre aquelas meninas, quando se viu sentada á mesa, sem entender como tinha ido lá parar. Á sua frente, estava uma folha de papel, tintas de várias cores e pincéis.
A jovem bruxa, pegou nos pincéis e começou a pintar, passando para a tela, as imagens que tinha na sua mente. Apareceu lentamente o rosto moreno de cabelos negros de sua mãe, depois as suas mãos guiadas por um poder superior, foram desenhando e pintando o corpo, os braços, as mãos, as pernas e os pés, de sua mãe. Ela desejava tanto que a sua mãe voltasse para junto dela, as saudades eram enormes. Então uma mulher morena de longos cabelos negros, apareceu na sala e abraçou Brunhilda. Ela disse: - Filha os teus poderes são já mais poderosos que os meus. Conseguiste trazer-me de volta, mas agora tens que vir comigo. Estamos em perigo aqui, esta sala não é real, vem comigo.
Ela pegou na mão da filha e saíram as duas pela janela, montando na vassoura que as esperava flutuando junto á torre do castelo, que imediatamente começou a voar atravessando campos, rios e sobrevoando cidades e vilas, até que chegou junto a uma casinha na orla de uma clareira, rodeada por uma floresta imensa. Desceram suavemente na relva e entraram na casinha.
Lá dentro Brunhilda encontrou um quarto para ela, e uma sala de trabalho, onde tinha várias telas em branco, tintas e pincéis. A mãe disse-lhe que a sua missão era pintar lindos quadros, com crianças felizes, junto a seus pais, comendo boas refeições e frequentando as escolas para aprenderem. Ela devia também pintar as pessoas vivendo em Paz, a terra com o céu azul e nuvens brancas, o mar azul e límpido e todos as pessoas da Terra, sendo sempre amigas. Assim, graças aos poderes da bruxa Brunilda, todos os seus desejos se tornariam realidade e haveria Paz na Terra e todos viveriam felizes, sem fome, sem doenças e o nosso Planeta ficaria limpo de venenos. Ela começou de imediato a sua missão e ainda hoje ela lá está pintando as suas telas mágicas, todas as cenas retratadas transformando-se em realidade!

Arlete Piedade


sábado, novembro 29, 2014

MUITO OBRIGADO ARLETE PIEDADE LOURO

    • PARABÉNS MEU IRMÃO JOÃO FURTADO

L á longe num bairro popular
E ntre a cidade capital e o mar
M ães e amigas por vizinhas

F raternidade sempre a par
E ntre as pedras das calçadas
R uas de gente amiga. ladeadas
R isos na face e nas palavras
E ntre passeios, e ribeiras
I grejas por entre as casas
R ezam missa de madrugada
A ntes que o calor aqueça mais!

P arabéns te envio neste postal
R adiante de alegria e amizade
A ssistindo daqui aos teus sucessos
I nsistes em dividi-los comigo, irmão
A bênção Deus te dê, hoje e sempre!

C abo Verde debaixo de fogo e fumo
A migos e irmãos em sofrimento e dor
B eijos te envio, distribui por todos aí
O s abraços meus também, dá a todos!

V ejo-te em breve irmão mas te envio
E m teu dia deste aniversário, especial
R osas, felicitações e muita amizade 
D á também á querida amiga Isabel
E s Cabo Verde, segunda pátria minha!

Arlete Piedade
  • Amiga e irmã de Santarém
    Recebo com alegria o poema...
    Li e tornei a ler com agrado
    E digo-te com emoção
    Tu me surpreendes amiga
    E me fazes acreditar na amizade


    Para ti um abraço de consideração
    Inspiro no teu talento para escrever
    E te enviar este acróstico com teu nome
    De propósito único dizer-te obrigado e enviar-te
    Abraços tão merecidos para ti irmã
    Desejo também tudo de bom e melhor
    E espero que teus sonhos se realizam

     Levantei de cama e depois de orar
    O meu computador abri e estou aqui...
    Um sentimento de alegria encheu o coração
    Recordando a nossa amizade e também
    O convívio superiormente vivido e te digo....

           OBRIGADO PELO POEMA E ENVIO DE PARABÉNS!

    João P. C. Furtado
    Praia, 29 de Novembro de 2014
    http://joaopcfurtado.blogspot.com.
  • PARABÉNS MEU IRMÃO JOÃO FURTADO

L á longe num bairro popular
E ntre a cidade capital e o mar
M ães e amigas por vizinhas

F raternidade sempre a par
E ntre as pedras das calçadas
R uas de gente amiga. ladeadas
R isos na face e nas palavras
E ntre passeios, e ribeiras
I grejas por entre as casas
R ezam missa de madrugada
A ntes que o calor aqueça mais!

P arabéns te envio neste postal
R adiante de alegria e amizade
A ssistindo daqui aos teus sucessos
I nsistes em dividi-los comigo, irmão
A bênção Deus te dê, hoje e sempre!

C abo Verde debaixo de fogo e fumo
A migos e irmãos em sofrimento e dor
B eijos te envio, distribui por todos aí
O s abraços meus também, dá a todos!

V ejo-te em breve irmão mas te envio
E m teu dia deste aniversário, especial
R osas, felicitações e muita amizade 
D á também á querida amiga Isabel
E s Cabo Verde, segunda pátria minha!

Arlete Piedade

domingo, novembro 23, 2014

MEU NOME É FRATERNIDADE

Meu nome é fraternidade
A miga sou de todos os povos
R aças diferentes me encantam
L etras são o meu instrumento
E ntre elas vou pelo mundo
T ocando corações carentes
E nsino e aprendo com as gentes!

P essoas  de cores diferentes
I nvadem meu coração
E ntre elas está meu irmão
D oando de si, sem condição
A mando todos sem distinção
D om que lhe foi concedido
E screver e ser de todos querido!

L ado a lado, vamos pelo mundo
O usando quebrar regras e inovar
U sando nossas letras para inventar
R aras histórias de gente a emigrar
O mundo, esse queremos melhorar!

Arlete Piedade Louro


sexta-feira, novembro 21, 2014

DIA DA CONSCIENCIA NEGRA



De África e negro sou e afirmo
Identidade minha é negra
Apenas quero dizer o que penso…

Deixem-me pedir a consciência
Aqui e agora… A consciência humana

Como ontem triste e muito triste estive
O pedido… Faço-o hoje e agora e aqui
Não quero consciência com cores e tonalidades
Sinto que precisa-se de uma consciência humana
Como respeito pelo ser humano e pela natureza
Imaginar em cada ser vivo um irmão
Especial e igual na diferença e no pensamento
Negar para sempre as fúteis guerras
Construir a compreensão e a PAZ
Incluir todos neste PLANETA AZUL e
Acreditar que ele pertence a todos seres vivos

Não importa a pele, a raça ou a religião
Este é o DIA que eu quero e desejo
Gente humana de bem e de PAZ
Reflectindo no futuro de todos e sentir
A Natureza alegre por ver a IGUALDADE e a FRATERNIDADE!  

João Pereira Correia Furtado
Praia, 21 de Novembro de 2014
http://Joaopcfurtado.blogspot.com 

segunda-feira, novembro 10, 2014

BRASIL - UMA HOMENAGEM

Brasil, esse imenso país irmão
Brasil, terra entre todas, amada
Brasil és nossa cobiçada paixão,
Somos tua mãe pátria recordada...
             

















Naqueles tempos já distantes,
Foram os marinheiros pró mar...
Os monstros oceânicos enfrentar,
Com coragem esses mareantes...
Mestres na dura arte de navegar,
Deixando para atrás sua afeição...
Partindo em busca de uma ilusão,
Que lhe revelasse novos mundos,
E acharam nos confins profundos,
Brasil esse imenso país irmão...


Nas verdes matas, cantavam aves,
Nas douradas praias, doce visão...
Lindas donzelas buscando união,
Com formas graciosas e suaves...
Tentando aqueles seres alarves,
Despertando sua deliciosa paixão...
A recompensa d' sua alma cansada,
A sua noiva distante e tão ansiada...
Iniciando ali naquela areia macia,
Com beijos, a vida que o alegraria,
Brasil terra entre todas, amada... 


E nas espessas selvas se adentrando,
Uma terra de magia foram desvendar...
Sempre em frente, corajosamente a lutar,
Os seus mistérios foram desbravando...
Os dias e noites sem cessar somando,
Com as famílias em companhia e união...
Tornando realidade, o sonho e a visão,
Que nos dias futuros da pátria distante...
Os desejos desse viver, será constante...
Brasil, és nossa cobiçada paixão...


Então, suas ambições sempre crescendo,
As fabulosas riquezas do paraíso a explorar...
As mansões e fazendas sempre a aumentar,
Sem grandes escrúpulos lá foram vivendo...
Outros povos foram escravizando e morrendo,
Mas nem todos viveram dessa forma desejada,
Os estudiosos e sábios de alma pura e elevada...
Não esqueceram que lá do outro lado do mar,
Existem os seus irmãos que continuam a amar,
Somos eternamente tua mãe pátria recordada.

Arlete Piedade


JOÃO FURTADO

João Furtado

J oão um homem de causas
O mais nobre que conheci
A ndamos por cá a escrever
O s poetas irmãos da Paz!

F elizmente  ou infelizmente
U m dia ou outro há alegrias
R aramente há só dias maus
T arda no entanto em chegar
A tão esperada e cantada Paz
D o coração da humanidade
O nde deve brotar a semente!


Arlete Piedade


Dedicado a João P. C. Furtado
João Furtado Meu Irmão
J amais vou esquecer a casa
Onde fui recebida como irmã
A inda que com dor e choro
O dia era de alegria e de luto!
F oi quando cheguei a tua casa
U m pai e sogro querido partia
R aios de luz nas velas acesas
T odos os familiares e amigos
A pareciam para o adeus e oração
D emais, estava eu na ocasião
O bviamente eras meu irmão!
M eu parente, minha família
E u fui adoptada como irmã
U m dia de luto, e aceitação!
I rmão e amigo incondicional
R azão me deste para prosseguir
M esmo nos dias de depressão
A ntes de tudo o mais, pensava:
O João! Por ele não posso desistir!
Arlete Piedade

terça-feira, novembro 04, 2014

PARA ARLETE PIEDADE LOURO


A Andei por cá a vasculhar minha amiga
R Revolvi todos os poemas escritos
L Lembrando neles os mil amigos
E E não encontrei nada que a ti me liga
T Talvez… Se fizesse um poema
E E tu, minha amiga fosse o tema?


A Aprendi contigo tanta coisa linda
R Recordo-me dos poemas e poesias
L Lindas e escritas por ti e as alegrias…
E Elas me davam e me dão ainda querida
T Tu nem imaginas minha amiga a satisfação
E E a ideia de duetos… E a tua perfeição

A Ao escrever-te este acróstico pertinente
R Recorro a minha cansada memória
L Lembro-me de muito, mas com angustia
E Estou certo que esquecei de importante,
T Talvez das melhores, parte da nossa amizade
E Espero que me perdoes, não é verdade?

Praia, 04 de Novembro de 2014
João Furtado
http://joaopcfurtado.blogspot.com

quarta-feira, outubro 29, 2014

A FILHA DO ESTUPRO




A FILHA DO ESTUPRO

Vivia com a minha mãe, nós as duas e as nossas e os nossos vizinhos, eu tinha 12 anos e ia fazer treze brevemente. Tinha um corpo um pouco desenvolvido e para a ilha, onde a maioria cresce lentamente e aos 13 anos muitas das vezes nem sinais de seios… Os meus treze anos me colocavam num patamar de quase uma mulherzinha. Mas em contrapartida me sentia uma criança, principalmente por ser filha de mãe-solteira, se é que exista mãe-solteira. Preferia dizer de pai ausente. As minhas carências afectivas eram enormes.
A minha mãe esquecida de ter uma filha de pai ausente já sonhava com um bom marido para mim em vez de sonhar com uma boa escola e uma boa formação.
Esqueci-me de me apresentar, sou Laurentina Maria Lara da Silva e actualmente tenho vinte e cinco anos, sou mãe de um filho de 6 anos de idade. Vivemos os dois, o pai, casado com outra mulher, quase nunca aparece e eu não faço questões da sua presença, aliás prefiro a sua ausência. Mas não é do meu adorado filho nem do seu pai que quero falar. É dum pesadelo que tive quando apenas tinha quase 13 anos de idade.
A minha mãe tinha e talvez ainda tem uma amiga íntima. A amiga estava em contas com a Justiça e precisou de arranjar um advogado. Conseguiu um, não recordo, aliás não sei se foi porque o pagou ou se foi um destes casos frequentes do advogado nomeado pela Justiça. A lei não permite julgamento sem estes, para mim, monstros da lei.  Não sei como e nem porquê o Senhor advogado tornou-se no amigo das duas amigas Laurentina da Silva, a minha mãe e Maria Lara a sua amiga, é no meu nome que se comprova quão amigas as duas eram.
Quanto ao advogado, este apresentou-se sempre com o nome de Senhor Advogado Court Lawyer  ou simplesmente senhor Lawyer. Era um homem muito simpático, não obstante a avançada idade. Estava sempre a me contar histórias e a brincar comigo. Eu quase o idolatrei até que aconteceu o que nunca devia ter acontecido.
Um dia a minha mãe e a amiga dela saíram. A mim a minha mãe me disse que ia com a amiga ao consultório do Dr. Lawyer. Eu já era crescida e podia ficar sozinha em casa até chegar a hora de ir para a escola. O almoço estava na panela e era apenas eu me servir e comer. Era normal, foi assim desde quando eu tinha apenas 6 ou pouco mais. Ela, a minha mãe era uma espécie de compras e vendas, ela era uma “rabidante”.  Saíram, eu fiquei em cassa. Chegou a hora da escola, peguei na pasta e coloquei as costas, senti alguém a bater na porta, nem perguntei, pensei que era a Lourdes, minha colega, íamos sempre juntas. Abri a parta e era ele,  nem me veio a cabeça que a minha mãe e a amiga foram precisamente ao escritório do Dr. Court Lawyer…
Ele entrou e me acariciou como de costume e perguntou-me se ia a escola, eu disse que sim e ele se ofereceu para me dar a boleia. Esqueci-me por momento da Lourdes. Sai e tomei a boleia. Mal entrei no carro senti-me tal “A Capuchinho Vermelho” perante o Lobo… Ele acariciou-me de novo e senti que a caricia era diferente, era quase como o sempre, mas diferente a diferença que se foi acentuada até… Até ele dizer que ia me dar um passeio. Comecei a sentir-me traída e enganada… Quis sair do carro, não me importava as consequências da provável queda, mas não consegui. As portas estavam bloqueadas. Tentei gritar, pedir socorro… Nada a música estava alta e enchia tudo a volta…. O pior…
O pior foi o sorriso dele a afirmação que o carro era a prova de bala e do som, este é um “topo-da-da-gama” em segurança e que lá dentro estamos “seguros”  aprendi a diferença entre seguro e seguro… enfim…. O nojo tomou conta de mim… Paralisada senti-me um trapo, perdi naquele momento toda a confiança no homem… Pouco recordo da dor, do que aconteceu… Recordo sim do que senti-me, estuprada, violada, vencida pela maldade… Recordo-me que entramos numa das poucas florestas que existem nos subúrbios….
Senti-me humilhada, cheia de nojo e suja… Sobretudo senti vergonha de mim mesma e medo de dizer que aquele homem tão cordial era um monstro… Quem acreditaria em mim?
Minha mãe ela e só ela podia e devia acreditar em mim, humilhada, suja e cheia de vergonha fui conta-la, não sei onde fui buscar toda a coragem e menos ainda sei onde encontrei coragem para receber e ouvir e assimilar a resposta da minha mãe, afinal estava eu a pagar a violação que o meu ausente pai actuo sobre ela. Ela me disse que devia ter a mesma postura, pois ela não foi chorar perante ninguém… Paguei com estupro o estupro do meu pai à minha mãe… Sou a filha do estupro…
E hoje? Vivo na mesma rua como a minha mãe e a amiga dela, mas não tenho nem a coragem nem a vontade de ir a casa dela e falar com ela e a amiga. O advogado conseguiu livrar a amiga da embrulhada, diga-se de passagem, que nunca me importei de saber o que era, e o Senhor Dr. Advogado Court Lawyer é o santo das duas amigas!

Nota – Uma moça de 25 anos, alegre e bela, não a conheço pessoalmente. Ela viu o meu blogue e várias vezes pediu-me para encontrarmos… Não tive tanta coragem e ontem ela se abriu para mim no FACEBOOK e eu escrevi o “conto” ou a realidade acima. Os nomes… São da minha invenção... As lágrimas dela e minha, pois chorei assim que terminei de escrever este conto ou esta realidade, pois os actos são reais!
  
Praia, 29 de Outubro de 2014
João Pereira Correia Furtado
    

terça-feira, outubro 28, 2014

RESPOSTA PARA Gilberto Nogueira de Oliveira



RESPOSTA PARA Gilberto Nogueira de Oliveira

G ente assim também existiu
I nfelizmente nas roças ouvi dizer
L embrança de infância algo ficou
B em... Com o tempo chegaram
E ergueram bandeiras mais belas
R esplandecente o sol também
T eve razões para sorrir um pouco
O dinheiro este continuo tão pouco, tão pouco...


N ada na barriga ela continuou vazia
O açoite acabou e o trabalho livre
G entilmente só quem queria e podia
Ú nica certeza é que nem com ele
E muito menos sem ele para se viver
I nfelizes eles sonhavam com a Ilha
R espiravam e suspiravam com o regresso
A inda continuam a respirar e a suspirar... É LONGE E ILHA!


O ntem chegaram quatro e para... dizem
L embrança e matar a saudade
I nfelizes não viram nada do que deixaram
V er 1947 em 2014 é obra de magia
E vão regressar... Tudo está diferente
I nfelizmente as raízes deixadas verdes
R essequidas e mortas estão há anos
A s poucos restantes olvidaram a memória!

Praia, 28 de Outubro de 2014
João Pereira Correia Furtado

segunda-feira, outubro 27, 2014

AS MINHAS LAGRIMAS/LAGRIMAS/EU DEIXEI DE CHORAR - TRIO POR ARLETE PIEDADE, ROSELI BUSMAIR E JOÃO FURTADO

As minhas lágrimas/Lágrimas/Eu deixei de chorar-Trio por Arlete Piedade, Roseli Busmair e João Furtado

As minhas lágrimas

Eu choro, choro, 
mansamente, choro, 
sem gritos, sem ruído
apenas sinto a cara molhada
as lágrimas que escorrem 
dos olhos que transbordam...
Choro! 
Choro por ti, por mim, por nós, 
choro pelo mundo
choro pelas crianças mortas
choro pelas crianças que sobrevivem
que ficam feridas, a sofrer
estendidas em camas de hospitais miseráveis
á mercê de serviços médicos sobrelotados
e de médicos cansados!
Choro pelas mulheres presas e torturadas,
violadas e vendidas
choro pelos homens solitários, sem amor
choro pelos animais usados para experiências
choro pelo mar sujo e poluído
pelos aviões desaparecidos e acidentados
choro pelos familiares desesperados!
Choro pelos poetas sem voz
atrofiados por tanto sofrimento e dor
Com a pena seca de tinta e molhada de lágrimas
Sem papel para escrever e que escrevem nas paredes
com sangue fresco, que escorre!
Choro nas noites de pesadelos
Choro ao acordar para mais um dia de sofrimentos 
e notícias de mortes, guerras, invasões....
Choro...choro...e partilho com vocês
estas lágrimas mansas 
que correm sem esperança 
e molham o meu rosto!

Arlete Piedade


L Á G R I M A S ® Roseli Busmair
Eu poderia muito mais chorar:
As lágrimas seriam riacho,
Que poderiam rios formar
E desaguar no sal do mar
Eu poderia até morrer:
Consumindo assim meu corpo,
Dilacerando a minh'Alma,
No meu imenso querer
Eu poderia quiçá voar:
Planar pelo infinito,
Viajar etérea no espaço,
Sem nunca mais voltar
Eu poderia começar a viver:
Aceitar a dura realidade,
Distante de tanta maldade
E muito longe de você
Mas eu decidi só passar:
Como passam as águas do rio
Indo buscar as águas do mar,
No imenso oceano de te amar.

Ctba=PR=BR (02/08/99)

Roseli Busmair e Arlete Piedade EU DEIXEI DE CHORAR

Deixei de chorar
Já não choro
Pois já chorei de mais
E demais senti as minhas lágrimas
Correrem nas lavras do meu rosto
Que hoje as lágrimas
Já habituadas a escorrerem
Rosto abaixo
A caminho da lagoa
Que aos meus pés formaram
Elas as lágrimas
Sem eu desejar
Nem querer
Já saem e caminham
Rumo a lagoa
Aos meus pés
Sempre e sempre e sempre
Que sinto
Por mil razões
A necessidade de chorar
E resisto
E não choro
Só as minhas lágrimas
Indiferentes
Insensíveis
Inacreditáveis
Escorrem para a lagoa
Que aos meus pés se formam
Sempre e sempre
Que a minha Paz interior
É quebrada
Pelas guerras e injustiças
E pelas Justiças injustas
Pelo mal
Que nunca julguei existir!

As lágrimas saem e correm
Para a lagoa aos meus pés sem eu chorar
Pois há muito que deixei de chorar

João P. C. Furtado

João Pereira Correia Furtado
Praia, 27 de Outubro de 2014
http://Joaopcfurtado.blogspot.com

domingo, outubro 26, 2014

ERA ASSIM A CARTA

ERA ASSIM A CARTA

Cá a carta começava diferente e tinha o seu ritual
Ao sabor do que era destinado e era o fim
Raros eram os de amor e de namorados
Ter pujança física e destemido no trabalhar
A terra era o caminho mais certo de ser piscado o olho…

Com o decorrer de trabalho o mais forte
Apreciava com determinação os olhares discretos delas
Rondavam e ofereciam agua e davam sinais
Te desejo para formarmos a família
A declaração muda era lida nos olhos

Claro que podia dar em pedidos de casamento
As vezes, maioria das vezes, num juntar dos trapos
Recorria-se aos momentos isolados para acerto
Tento três pequenas pedrinhas como a primeira carta
A rapariga atirava-as ao rapaz e dizia “te quero… te quero… te quero…”
 
Com isto podia surgir pedido de casamento ou não
As vezes nem no juntar de trapos dava
Rancoroso algum apaixonado secreto perdido na disputa
Tomava atitude estrema de “roubar” a rapariga
A ação era irreversível, ela seria do “ladrão” eternamente!
 
Cartas existiam e eram raros porque poucos escreviam
A ocupação nas cartas mais sérias e mais necessárias
Restavam pouco tempo para escritas de cartas de amor 
Tratando-se de escreverem e lerem para outro alguém 
A carta muitas vezes era escrita e lida pelo mesmo escritor

Com o ritual de “pequei nesta pena de ouro e meu bem
A sangrar meu pobre e nobre e doloroso coração
Retirei dele o sangue que transformei em tinta…”
Talvez o escritor das cartas se inspirou na “última ceia”
Ao ser ele muitas vezes o leitor e provavelmente o namorado…

Carta de saudade era mais frequente e chato para o escritor
Aqui estou eu rodeado de Fulano e Beltrano e Sicrano e
Recorro a esta saudosa pena para enviar cumprimentos
Tamanhos para Fulano e Beltrano e Sicrano nome por nome….”
Até terminar com “…E para aqueles que perguntaram por mim…” 

Claro esta que uma carta tem o escritor e o leitor e a mensagem
A infelicidade é que naquele tempo poucos sabiam ler e escrever
Recorrer a inspiração era necessária tanto para um como para outro
Ter sempre na cabeça que no acto da leitura da carta recebida
As pessoas presentes, sejam que forem seus nomes estão no carta…
Como não quero ser historiador ou antropólogo ou estudioso
Apenas como poeta que nem sei também se sou… Enfim
Recordo apenas a mais um estilo que é a carta da morte
Tamanha é a dor e o pesar que me obriga tirar do coração
A tinta sangrada para te informar que o fulano vive no paraíso…
Com tudo isto quero terminar de falar das cartas nesta crónica
As mil vezes vividas na Ilha do Príncipe como escritor e leitor
Respeitável e mais solicitado pelos emigrantes da fome 
Tive que fazer mil P.S. sempre que aparecia e eu já no fim
Alguém conhecido “Não esqueça de cumprimentar o fulano…
 
Com isto dispensava uma tristeza desnecessária…
A distância pode criar muitos esquecimentos mais também 
Recordações e saudades criam e quando resta apenas a esperança
Tamanha seria minha crueldade tirar daqueles que são 
As origens minhas que tanto orgulho me davam…
 
João Pereira Correia Furtado
Praia, 26 de Outubro de 2014