domingo, janeiro 25, 2015

A MARIA DA FONTE


Em Portugal em diversas regiões, desde o Minho ao norte, até às regiões do Alentejo ao sul, passando pelo Ribatejo, onde resido, que é a região a norte e sul do rio Tejo, no século passado, os trabalhos do campo eram realizados por grandes grupos de homens e mulheres, que se deslocavam das aldeias a norte e sul, para trabalharem no campo, nos grandes latifúndios e quintas. Ainda não haviam as máquinas que hoje em dia, quase substituíram o trabalho braçal. Entre as várias profissões, indispensáveis, eram as aguadeiras, mulheres que iam por entre o rancho dos trabalhadores, dando água aos que cansados e sedentos trabalhavam no meio do pó e calor, desde o nascer ao por do sol, apenas com uma hora para fazer o almoço e almoçarem. Elas transportavam a água em bilhas de barro, ou de zinco e tinham que as ir encher às fontes ou poços e levar aos companheiros.
Também nas aldeias, as mulheres iam buscar água para a casa, às fontes ou aos poços, com os cântaros de barro á cabeça, para cozinharem e beberem. A água era mantida nos cântaros para ficar mais fresca. Igualmente nas cidades, a água era fornecida principalmente através das fontes, antes de ser instalada a água canalizada. Mas também havia os aguadeiros nas cidades, que vendiam água de porta em porta e a forneciam aos seus fregueses certos.
Hoje em dia mantêm-se essas memórias e tradições, através de danças e cantares, preservados pelos ranchos folclóricos e museus etnográficos.
Mas se na Europa e países ocidentais, essas memórias apenas se mantêm como curiosidades folclóricas, não podemos esquecer que em muitos países do mundo, especialmente em África, a falta de água potável e sistemas de abastecimento de água, ainda condicionam a qualidade de vida das populações e ter um poço, é muitas vezes a diferença entre o progresso e a miséria para essas populações. Por exemplo no Sudão, as pessoas têm que beber água nos pântanos, por uns canudos com filtros, sabiam?
Por isso enquanto nos países ocidentais, se desperdiça água muitas vezes, nos países áridos e desérticos, cada gota é preciosa e as mulheres continuam a percorrer grandes distâncias diariamente de bilhas e recipientes á cabeça, para irem buscar água para as necessidades familiares. Portanto cada um de nós deve ter a consciência de poupar e preservar esse recurso indispensável á vida e á saúde.

Arlete Piedade

Portugal

Vídeo original do fado "A Lenda da Fonte" pelo jovem fadista João Pedro






Sem comentários:

Enviar um comentário